Artes/cultura
19/01/2018 às 11:30•2 min de leitura
Você deve se recordar de ter aprendido nas aulas de História que, quando os europeus chegaram às Américas, além de terem realizado matanças sanguinárias por aqui, eles dizimaram milhões de nativos graças a uma série de doenças que eles trouxeram de carona em suas embarcações e para as quais os povos indígenas não tinham anticorpos. Entre os vírus mais suspeitos estariam o da varíola, do sarampo e da gripe, assim como outros males vindos da Europa.
De acordo com Neel Patel, do site Inverse, segundo registros históricos deixados pelos conquistadores europeus, durante o século 16, a civilização asteca foi quase completamente dizimada por um tipo misterioso de pestilência que eles chamavam de cocoliztli.
Os sintomas eram tenebrosos (News.com)
Os relatos incluem descrições pavorosas dos sintomas provocados por essa doença sinistra — como sangramentos pelos olhos, nariz e boca — que geralmente matava suas vítimas em cerca de quatro dias. E, de acordo com as estimativas, cerca de 15 milhões de astecas (ou o equivalente a 80% da população total que compunha essa civilização) pereceu em decorrência desse mal.
Agora, depois de quase 500 anos, um time de cientistas finalmente conseguiu descobrir qual, afinal, foi o agente responsável por tamanha devastação. Segundo Patel, os pesquisadores conduziram análises de DNA de amostras obtidas de fragmentos de ossos de 29 vítimas da epidemia de cocoliztli que foram encontrados recentemente.
Os exames revelaram que o tal patógeno virulento nada mais era do que um tipo de salmonela, uma bactéria que, como você sabe, é responsável por provocar graves intoxicações alimentares. Mais especificamente, as análises apontaram que os astecas foram contaminados com a Salmonella enterica da variedade Paratyphi C — e que a epidemia se espalhou através da água e alimentos contaminados por matéria fecal contendo a bactéria.
Olha a danada aí! (Wikimedia Commons/Centers for Disease Control and Prevention/Domínio Público)
Vasculhando os registros históricos, os cientistas encontraram informações indicando que os europeus que se estabeleceram no México na época em que a epidemia de cocoliztli aconteceu também foram afetados pela doença. Com relação a como a salmonela chegou até as Américas, os pesquisadores acreditam que ela provavelmente “viajou” nos organismos dos animais trazidos pelos espanhóis, mas não foi só isso.
Sua chegada trouxe consequências terríveis (Ars Technica)
O time de especialistas acredita que, para causar tamanho estrago, a bactéria pode ter agido em conjunto com outros agentes infecciosos, formando uma espécie de “coquetel virulento” mortal. Mas, o candidato mais forte para desencadear a epidemia de cocoliztli foi a terrível salmonela.