Estilo de vida
31/01/2018 às 10:31•3 min de leitura
Em 2015, depois de um programa de televisão na Rússia vazar a informação, começaram a circular rumores de que os russos estariam desenvolvendo uma nova arma nuclear. O artefato, depois de concluído, se tornaria o dispositivo atômico mais poderoso do mundo, mas, na falta de confirmações por parte organismos oficiais, acabou surgindo a suspeita de que a coisa toda poderia não passar de “fake news”.
Pois bem... parece que esse papo de superarma nuclear russa não é fake news não, uma vez que, pela primeira vez desde que a tal informação foi vazada, o governo norte-americano reconheceu o desenvolvimento desse artefato em um relatório produzido pelo Departamento de Defesa dos EUA — e o dispositivo é realmente assustador!
Essa seria uma das páginas do relatório, chamado "Nuclear Posture Review" (Popular Mechanics)
De acordo com Kristin Houser, do site Futurism, o artefato em questão — o Status-6 Oceanic Multipurpose System — vem sendo chamado de Kanyon e consiste em um torpedo nuclear capaz de viajar 10 mil quilômetros de forma autônoma. O “brinquedinho” também seria capaz de transportar uma ogiva termonuclear de 100 megatons, o que corresponde ao dobro da capacidade de qualquer dispositivo atômico já testado.
Para referência, a Tsar Bomba, a bomba nuclear mais poderosa já criada pela humanidade, carregava uma carga entre 50 e 57 megatons quando foi testada. Porém, se “100 megatons” ainda não dizem muita coisa para você, para você ter uma ideia do poder de destruição do Kanyon, uma simulação realizada no site Nukemap revelou que se o dispositivo fosse lançado contra a cidade de Nova York, ele mataria oito milhões de pessoas instantaneamente e deixaria 6,6 milhões de feridos.
Tenso... (Wikimedia Commons/Madnessgenius 1)
Só que o Kanyon, conforme mencionamos, é um torpedo e não uma bomba — dessas que a gente lança sobre determinados alvos —, né? O artefato chegaria ao destino pelo mar e sua explosão poderia gerar um tsunami que cobriria as regiões costeiras próximas do local da detonação com uma maré radioativa.
Para piorar, segundo Kristin, se o que andam falando por aí for verdade e a ogiva transportada pelo Kanyon conter cobalto-60 na receita, a detonação do torpedo poderia tornar as áreas atingidas inabitáveis por até um século. Agora, cá entre nós, vai dizer que esse artefato não é assustador!
De acordo com Kristin, o Kanyon é poderoso, coisa e tal, mas não é muito rápido. Até onde foi apurado pelos militares norte-americanos, o torpedo é capaz de atingir velocidades máximas de 100 nós — por volta de 185 km/h —, o que significa que ele levaria 36 horas para chegar de Kronstadt, cidade russa que fica no Golfo da Finlândia, até Nova York.
Devastador (Wikimedia Commons/Madnessgenius 2)
Evidentemente, por se tratar de um torpedo, os russos podem muito bem lançar o Kanyon de qualquer lugar — e se aproximar sorrateiramente de seus alvos a bordo de submarinos nucleares. Sendo assim, o fato de o artefato não a coisa mais rápida do mundo meio que pouco importa.
E o que os norte-americanos acham do desenvolvimento dessa arma aterrorizante? Para o pessoal do Departamento de Defesa ficou claro que os russos estão interessados em diversificar seu arsenal nuclear — e possivelmente encontrar formas de se livrar de defesas antimíssil que possam ser criadas no futuro.
Medo disso aí... (Wikimedia Commons/Madnessgenius 3)
Ademais, de acordo com alguns analistas, o fato de a Rússia estar desenvolvendo uma arma mais poderosa do que a de todo mundo pode servir para que outros países — incluindo os EUA — pensem duas vezes antes de atacar os russos, já que isso acabaria desencadeando uma guerra que poderia destruir o planeta. Por outro lado, quem garante que os norte-americanos não vão querer entrar no jogo e criar um “brinquedinho” para competir com o Kanyon? Vamos torcer para que não!