Por que os EUA explodiram bombas na Lua durante o programa Apollo?

28/02/2018 às 05:002 min de leitura

Entre 1961 e 1972, os Estados Unidos colocaram em ação o programa Apollo, responsável por levar o homem à Lua pela primeira vez na história. Mas os astronautas da NASA não viajaram até lá apenas para deixar algumas pegadas e cravar uma bandeira no solo cinzento lunar. Dentro do plano que ficou famoso por “ser um grande salto para a humanidade”, até bombas foram detonadas no nosso único satélite natural. 

No meio de uma intensa corrida espacial contra os soviéticos, que já haviam colocado o primeiro satélite, o primeiro cachorro (saudades, Laika) e o primeiro homem em órbita, você deve estar pensando que essas bombas norte-americanas tinham objetivos militares. Pensou errado, pelo menos de acordo com a versão oficial da história.

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Uma área do conhecimento sobre a qual a humanidade ainda tem muito a aprender é a que envolve o interior dos planetas, estrelas e outros astros. Se nem em relação à Terra temos todos os dados necessários para entender exatamente o que se passa abaixo dos nossos pés, imagine em relação aos demais corpos celestes. Esse foi o objetivo das bombas: extrair informações sobre a geologia lunar. 

Agora, por que explodir bombas poderia ajudar nisso? Acontece que muito do que sabemos em relação às camadas da Terra (crosta, manto e núcleo) se deve às atividades sísmicas do planeta, tanto as naturais como as provocadas intencionalmente pelo homem. Medindo a velocidade de propagação das ondas sísmicas, podemos determinar por quais tipos de materiais e estruturas elas estão viajando. 

Como, diferente do nosso planeta, a Lua é um objeto de pouquíssima atividade sísmica natural, foi necessário causar alguns estragos por lá em busca de informações mais detalhadas do que as fornecidas pelos impactos gerados por meteoritos, por exemplo. Por isso, entre as missões 14 e 17 da Apollo, explosivos foram levados para diferentes tipos de testes. 

Primeiro, uma série de bombas foi instalada na superfície lunar para produzir pequenas explosões em sequência. Ao todo, foram 19 detonações que ajudaram a mapear o subsolo da região próxima ao local de pouso do módulo lunar. Depois, com a necessidade de causar ondas sísmicas mais intensas, missões utilizaram morteiros lançadores de granadas com cerca de 1 kg de material explosivo. Por fim, bombas foram instaladas em regiões mais distantes da base com a ajuda do veículo lunar projetado na época, o LRV (Lunar Roving Vehicle). 

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E se você está se lembrando do Bruce Willis detonando bombas no meteoro de "Armageddon", saiba que a situação foi bem diferente na vida real, e todas as explosões foram iniciadas através de controles remotos ou timers. Ninguém precisou deixar a própria filha se casar com o Ben Affleck nesse caso. 

No final, os experimentos revelaram que os bilhões de anos de bombardeamentos naturais sobre o solo lunar deixaram nosso satélite com uma camada de rochas despedaçadas com espessura de algumas centenas de metros, muito além do que era imaginado na época. Além disso, descobriu-se que existe uma camada de cerca de 1,5 km formada por basalto, um material de origem vulcânica.

Como após o término do programa Apollo o homem nunca mais voltou a pisar na Lua, boa parte do que conhecemos sobre o subsolo lunar se deve a essas explosões que você acabou de conhecer. Agora vale ficar atento aos avanços da China, única nação com missões em andamento por lá. 

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