Ciência
04/03/2018 às 10:00•2 min de leitura
Pouco tempo atrás, receptores de GPS eram coisas de outro mundo, opcionais presentes apenas em veículos mais caros e distantes da realidade da grande maioria das pessoas. A popularização dos smartphones trouxe consigo a popularização do GPS, tecnologia tida como básica em portáteis e disponível também em outros gadgets inteligentes, como relógios, roupas, câmeras e computadores.
Mas algumas dúvidas pairam sobre a cabeça de muita gente quando o assunto é GPS. É verdade que ele utiliza satélites militares? Ele foi desenvolvido e é mantido pelos militares dos Estados Unidos? Pode ser desligado ou sofrer interferências propositais a qualquer momento? A resposta mais curta e direta a essas perguntas é sim, mas vamos esmiuçar o tema um pouco mais.
De acordo com o seu site oficial, “o Sistema de Posicionamento Global (GPS) é um utilitário de propriedade dos Estados Unidos que oferece aos usuários serviços de posicionamento, navegação e cronometragem”. O GPS é dividido nos segmentos espaço, controle e usuário e, ainda conforme a página oficial, “a Força Aérea dos Estados Unidos desenvolve, mantém e opera os segmentos de espaço e controle.”
Satélite Navstar, parte da constelação de satélites que compõem o sistema GPS.
Isso quer dizer que o GPS é, sim, um serviço desenvolvido, mantido e controlado pelos militares dos EUA. Assim, apesar de aberto ao público civil em todo o mundo, ou seja, não se trata de uma ferramenta de uso exclusivamente militar, a tecnologia também não é um consórcio público controle por diferentes atores públicos e privados.
O GPS está sob a tutela do governo dos Estados Unidos, portanto, nada impede que ele seja desligado a qualquer momento conforme os interesses do país norte-americano. Além disso, o GPS conta com um recurso chamado “Disponibilidade Seletiva”, que permite a redução da precisão do uso civil da ferramenta.
O governo dos EUA informa que a medida, em vigor durante os anos 1990, foi desativada em maio de 2000 e também que não tem o interesse de usá-la novamente. Contudo, não é difícil imaginar que ela possa entrar em vigor outra vez para evitar, por exemplo, que o sistema seja utilizado em um ataque militar contra o país norte-americano.
Também não é preciso ter um doutorado em geopolítica para supor alguns riscos de utilizar um sistema de posicionamento desenvolvido, mantido e controlado por um único país. Pensando nisso, outros países e comunidades têm as suas próprias iniciativas ativas ou em desenvolvimento.
GLONASS é a principal alternativa ao GPS na atualidade.
A mais avançada delas é o GLONASS, o sistema de navegação global por satélite criado pela Rússia. Também inicialmente desenvolvido para fins militares ainda durante os anos 1970, o GLONASS demorou a engrenar, ganhando uma segunda geração de satélites apenas em 2003. A terceira geração veio em 2011 e deve completar a atualização do sistema até 2021.
Atualmente, praticamente todos os smartphones saem de fábrica já com suporte para o sistema GLONASS. Outras plataformas de posicionamento global via satélite ainda em fase de implementação são Galileo (União Europeia), BeiDou (China), IRNSS (Índia) e QZSS (Japão).
Mito ou verdade: o GPS do seu celular usa satélites militares? via TecMundo