Ciência
10/03/2018 às 10:00•2 min de leitura
Comece a reparar: quando várias pessoas estão assistindo a um vídeo juntas, na maior parte do tempo elas também vão piscar nos mesmos momentos. Curioso, não é mesmo? Pois é!
Segundo uma pesquisa feita em 2009 por cientistas japoneses liderados por Tamani Nakamo, da Universidade de Tóquio, isso acontece em cerca de 30% do tempo que as pessoas passam vendo um filme.
Os pesquisadores separaram um grupo de pessoas em três subgrupos — um assistiu vídeos de uma comédia muda, outros de um filme que mostrava um aquário, sem som nem narrativa, e outros ouviram um audiobook.
Durante as exposições, eles puderam perceber que somente os espectadores da comédia é que piscavam sincronizados, enquanto os outros grupos, não!
A explicação que os cientistas encontraram para essa sincronia é que nossos cérebros avaliam similarmente quais pontos são menos valiosos em uma narrativa e selecionam essas partes para piscar, para não perder nenhuma informação importante.
É quase uma seleção natural de informações, escolhendo para "perder" as partes menos intensas, sem clímax, com personagens menos importantes ou em um momento de transição entre uma cena e outra.
E o mais legal é que isso não vale somente para filmes. O mesmo pesquisador, Dr. Nakano, fez um estudo similar em 2016 em parceria com o mágico e psicólogo Richard Wiseman e percebeu que a mesma sincronia dos filmes se averigua quando as pessoas estão observando um truque de mágica.
Nesse caso, o piscar de olhos acontecia normalmente depois de um truque interessante ou depois que o ilusionista fazia alguma coisa muito impressionante ou que parecia impossível.
A relação entre piscar e concentrar é tão íntima que essa máxima já é bem conhecida, e não piscar virou sinônimo de estar muito atento a algo.
Mas a verdade é que o ser humano em geral pisca entre 15 e 20 vezes por minuto, na maior parte do tempo. Cada piscada dura 450 milissegundos, o que faz com que, a cada minuto, passemos cerca de 6 segundos piscando.
O que intrigava os especialistas, no entanto, era justamente entender se não estávamos perdendo informações por conta disso. Durante um filme de 2 horas e meia, por exemplo, isso significa que passamos 15 minutos do filme piscando — é bastante informação perdida, não é?
Pois o que sabemos, agora, é que essa informação não é necessariamente perdida, mas sim filtrada. Ufa!