Artes/cultura
06/07/2018 às 11:00•2 min de leitura
Você se recorda do filme “O Nome da Rosa”, de 1986? Adaptado a partir de uma obra do italiano Umberto Eco de mesmo título, o longa está ambientado em um mosteiro beneditino do século 14 no qual um frei franciscano — interpretado por Sean Connery — recebe a missão de investigar o estranho falecimento de sete monges. No fim, o religioso descobre que as mortes foram ocasionadas pelo contato com livros da biblioteca local, que foram envenenados propositalmente por serem consideradas “proibidas” pela Igreja.
(IMDb)
Pois, curiosamente, um time de especialistas descobriu que, às vezes, a vida imita a arte — já que, acidentalmente, eles encontraram três volumes em uma biblioteca na Dinamarca cujas capas são “venenosas”! Mais especificamente, os livros fazem parte do acervo da biblioteca da Universidade do Sul da Dinamarca e contém quantidades significativas de arsênico em suas capas.
Segundo explicaram os pesquisadores Jakob Povl Holck e Kaare Lund Rasmussen em um artigo do site The Conversation, a descoberta aconteceu quando bibliotecários da instituição submeteram alguns volumes raros a exames de raios X e identificaram a presença da substância em três obras publicadas entre os séculos 16 e 17.
(The Conversation)
Hoje todos sabem que o arsênico é extremamente tóxico e pode ser letal, mas, durante o século 19, por exemplo, por vários anos, a galera até sabia que o consumo da substância podia ser bastante perigoso, mas ela era usada largamente como pigmento de tecidos e papéis. Tanto que o arsênico era empregado como ingrediente de tintas da cor verde, para prolongar a duração dos tons, e foi muito usado na fabricação de roupas e inclusive na produção de selos postais — aqueles que o povo lambe para colar nos envelopes, sabe?
Então! Quando a turma daquela época se ligou que o arsênico podia ser fatal inclusive através do contato com a pele, um cientista norte-americano publicou um livro contendo amostras potencialmente letais de coisas contendo a substância e encaminhou cópias a bibliotecas de várias partes do mundo. O volume foi produzido no final do século 19, justamente para conscientizar todo mundo sobre os perigos do arsênico, e hoje o título está entre os mais perigosos do mundo.
No caso dos três livros descobertos na biblioteca na Dinamarca, os pesquisadores não pensam que as capas foram pintadas e trazem elementos na cor verde para que elas ficassem mais bonitas e vistosas. Provavelmente, o veneno foi usado para evitar que as obras fossem danificadas por insetos e outros bichos — pena que esse pessoal não bateu um papo com a turma da Biblioteca Joanina, em Portugal, que emprega um time de morcegos para combater esse problema!
(The Conversation)
Enfim, a quantidade de arsênico presente nas capas dos livros é bastante alta e, para evitar possíveis acidentes, os volumes passaram a ser guardados em caixas contendo etiquetas informativas. Além disso, existem planos de digitalizar as obras para limitar ainda mais o contato com o material.
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