Artes/cultura
29/07/2018 às 06:00•2 min de leitura
Já tem um tempo que se acredita que os nossos comportamentos sociais e as experiências vividas na adolescência influenciam a maneira como nos relacionamos também no futuro, especialmente no que diz respeito às relações amorosas.
Como lidar com o fato, então, de que cerca de 87% dos homens jovens consomem algum tipo de pornografia, e metade deles assistem a algo pornográfico pelo menos uma vez por semana? Essa informação já havia sido divulgada em pesquisas anteriores; porém, agora, um novo levantamento da Universidade de Nebraska-Lincoln — apresentado durante o congresso da Associação Americana de Psicologia, em Washington, capital do país — tentou entender como esse consumo influencia a forma como os jovens se relacionam para além dos vídeos de canais pornô e das edições de Playboy.
Nessa nova análise, 330 homens entre 17 e 54 anos foram entrevistados sobre como enxergam as mulheres, a sexualidade e suas principais experiências com pornografia.
A idade média da primeira exposição a produções pornô foi aos 13 anos — o que foi exposto mais cedo tinha apenas 5 anos, e o mais velho se deparou pela primeira vez com um produto do tipo aos 26.
Uma informação curiosa da pesquisa é a de que 43% deles dizem ter visto pornografia pela primeira vez por acidente, enquanto apenas 33% procuraram, e preocupantes 17% disseram que foram forçados por outra pessoa a ver. Outros 6% não quiseram responder.
Ao contrário do que eles imaginaram, a relação entre a idade de início da exposição e o comportamento sexista não é tão clara assim. "Esperávamos que, quanto mais jovens fossem os meninos quando expostos à pornografia, maior a probabilidade de adotarem "normas playboy", bem como normas de poder masculino sobre as mulheres", explica uma das pesquisadoras envolvidas no levantamento, Alyssa Eischmann.
Segundo ela e seus colegas, esse comportamento baseado em "normas playboy" ou "atitudes playboy" seria algo como reproduzir na vida real o que se vê nos filmes pornôs, como sexualidade exacerbada, interesse em múltiplos parceiros sexuais, tentativa de dominação da parceira pela força, entre outros.
Eles perceberam que o principal ponto que a idade de início da exposição à pornografia influencia é se o homem vai ou não continuar consumindo produtos do tipo na vida adulta — a resposta, no caso, é que sim: há uma associação entre um consumo maior de pornografia se o início foi cedo.
Por outro lado, com relação à idade, o comportamento de dominação e as atitudes de playboy não são influenciados da mesma forma. Os pesquisadores descobriram que, quanto mais jovem o menino era exposto ao pornô, mais provável que acreditasse que os homens deveriam dominar as mulheres. Inesperadamente, o oposto se aplica a "atitudes playboy". Quanto mais velho o garoto era quando olhava pela primeira vez para a pornografia, maior a probabilidade de ter sexualidade exacerbada e o interesse em múltiplos parceiros sexuais.
"Os resultados indicaram que não há diferenças na adesão a essas duas normas masculinas, dependendo do tipo de exposição (intencional, acidental ou forçada), sugerindo que o tipo de exposição não afeta significativamente a adesão ao poder sobre as mulheres e as normas masculinas da Playboy", diz o resumo do estudo.
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