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08/08/2018 às 12:30•2 min de leitura
O caso que vamos relatar a seguir é ao mesmo tempo incrivelmente triste e preocupante: uma orca que habita o Mar de Salish, situado no Canadá, deu a luz um filhotinho no dia 24 de julho, mas, infelizmente, o animalzinho não resistiu e acabou falecendo apenas meia hora depois. Desde então, a baleia tem sido observada o tempo todo com a carcaça em decomposição do filhote e, após tantos dias, os cientistas que monitoram os animais da região estão ficando bem preocupados.
Que dó... (The Guardian/David Ellifrit/AP)
A orca em questão é conhecida entre os pesquisadores de Tahlequah — ou J-35 — e se recusa a abandonar o filhote morto, o que significa que o time terá que aguardar até que a baleia finalize o período de “luto” e libere o corpo para que seja possível conduzir uma necropsia que revele o que causou a sua morte. No entanto, os cientistas já têm uma suspeita do que pode estar por trás da tragédia, e a razão pode ser mais séria do que parece.
Enquanto observavam J-35 e o restante do grupo de orcas, os pesquisadores notaram que tanto a mãe do filhote morte, como outros integrantes — em especial uma fêmea de 3 anos chamada Scarlet (ou J-50) —, estão bastante magros e parecem desnutridos. E a situação parece ser tão séria que os cientistas inclusive temem pelas vidas dos animais.
Conforme explicaram, as orcas identificadas com a letra J pertencem a um de 3 grupos que viajam até o Canadá e o norte de Washington durante os verões para se alimentar. O problema é que essas baleias especificamente, diferente de outras orcas, que costumam caçar pequenos mamíferos — como as focas, por exemplo —, vão até a região para consumir uma variedade particular de peixe, o salmão-rei (Oncorhynchus tshawytscha).
Tahlequah nadando com o filhote morto (Today)
Acontece que um levantamento recente revelou que as populações desses salmões sofreram uma enorme redução, tanto que, em algumas áreas, elas foram categorizadas como vulneráveis e até ameaçadas. Só que as orcas dos grupos só comem desses peixes e, portanto, os efeitos da falta de comida já estão fazendo efeito.
Os cientistas foram investigar alguns dados e descobriram que um monitoramento feito em junho deste ano apontou que o atual número de orcas caiu de 98 para apenas 75 de 1995 até agora — e que nenhum novo filhote nasceu desde 2015. Esse de agora, como já sabemos, não sobreviveu, e o estudo revelou que, de 2007 a 2015, 69% das gestações entre as baleias dos grupos não foram para frente.
Tahlequah e o filhote morto (The Guardian/Ken Balcomb)
Voltando à orca J-50, os cientistas observaram que ela é bem menor do que o normal, apresenta uma aparência bastante emaciada e parece muito apática — e a baleia em luto, a J-35, está indo pelo mesmo caminho. A situação é tão dramática que o time está organizando esforços para reunir salmões e alimentar os animais, e possivelmente introduzir medicamentos nos peixes, prática que nunca foi testada com essas criaturas na natureza.
Orcas nadando pelo Mar de Salish (The Guardian/Barcroft Images/Julie Picardi)
E por que os salmões estão desaparecendo da região? Não, caro leitor, não é porque as orcas comeram peixes demais. Na verdade, entre os fatores contribuindo para a queda na população dos salmões temos, primeiramente, a pesca, assim como a perda de habitat e o aumento das temperaturas das águas, que vem prejudicando a sua sobrevivência. Em outras palavras, indiretamente, o problema com as orcas está sendo gerado você sabe por quem, né?
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