Ciência
17/08/2018 às 05:00•2 min de leitura
Quantas histórias já ouvimos de pessoas que, do nada, desenvolveram alergias a algo que nunca haviam tido antes? Ou de reações alérgicas tão severas que fizeram o paciente parar no hospital? Como isso tudo acontece e o que é o tal choque anafilático, do qual se fala?
Bem, você se lembra dos antígenos, linfócitos T e linfonodos, da época das aulas de Biologia? São esses os elementos envolvidos na resposta do organismo em relação a corpos estranhos, a qual desemboca em uma eventual reação alérgica.
Quando identificam um antígeno, ou seja, um agente estranho ao organismo, as células do sistema imunológico se comunicam com os linfócitos T localizados nos linfonodos, criando uma espécie de alerta para o corpo de que há algo diferente acontecendo.
Isso faz com que os linfócitos T preparem uma célula chamada TH2, capaz de liberar as interleucinas, que são a primeira grande defesa do organismo. Elas produzem anticorpos com a função de se conectar aos mastócitos e soltar uma substância de combate junto aos antígenos. Outra função das interleucinas é ativar os eosinófilos, o glóbulo branco que aciona substâncias tóxicas para destruir os antígenos.
É um processo parecido com um jogo de videogame: quando você vê um inimigo vindo, planta uma mina e atira nele até o destruir. Com as células, no entanto, o processo é tão sofisticado que elas conseguem saber se o tipo de antígeno é resistente a esse ataque e mudar o procedimento para que, a partir dessa tentativa, ele passe a ser rotulado como um alérgeno — algo que o corpo lê como sendo um inimigo mais poderoso.
A partir do momento em que isso acontece, no entanto, o corpo fica em constante alerta para combater esse elemento e, ao menor sinal de entrada, já começa a reagir. É isso que explica as alergias que aparecem somente quando somos adultos.
De acordo com a pesquisadora Tina Sindher, da Universidade de Stanford, a reação alérgica nada mais é do que um mastócido liberando mediadores inflamatórios, compostos por substâncias como a histamina e as interlucinas.
A partir daí, é uma festa de substâncias liberadas, com ativação de mais eosinófilos, mais células TH2 e glóbulos brancos do tipo basófilo, além de leucotrienos, responsáveis por acelerar a reação e deslocar mais células do sistema imunológico para a região. Isso tudo gera uma inflamação benéfica voltada a evitar uma possível infecção, mas não significa que o processo todo não seja penoso para o corpo.
Graças à liberação da histamina, os vasos sanguíneos se dilatam, os brônquios se contraem, e o sangue flui melhor pelos espaços entre as células, mas isso gera inchaço e coceira em um processo que se estende por várias horas, geralmente entre 8 e 12.
Se uma pessoa tem uma alergia mais severa, no entanto, tudo isso pode ser mais intenso. Nesse caso, se os brônquios se contraírem demais e os vasos se dilatarem inadequadamente, a pressão arterial cai e o coração não acessa a quantidade suficiente de sangue, o que impede os órgãos de receberem o oxigênio do qual precisam. É assim que o corpo entra em choque anafilático.
Para combater a reação, é preciso uma injeção de epinefrina, que contém adrenalina, o hormônio das glândulas suprarrenais que ajuda justamente a constringir os vasos sanguíneos. A essa altura, a reação pode ocorrer em minutos, e um anti-histamínico já não resolve o problema.
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