Estilo de vida
29/08/2018 às 12:58•2 min de leitura
Você já ouviu falar das pítons-birmanesas? Da espécie Python bivittatus, elas são nativas do sudeste e sudoeste asiático e estão entre as cinco maiores cobras do mundo, com adultos que podem passar dos 8 metros de comprimento e pesar entre 80 e 100 quilos. Esses animais preferem áreas úmidas e costumam se alimentar de outros répteis, roedores, pequenos primatas e aves, mas podem atacar presas relativamente grandes também, como javalis, porcos e cervos.
As pítons-birmanesas não são venenosas e matam suas vítimas por constrição — o que significa que elas se enrolam e comprimem o corpo das presas até asfixiá-las. Uma prima dessas cobronas é a píton-indiana (Python molurus), que habita regiões da China, Sri Lanka, Nepal, Paquistão, Bangladesh e Mianmar. Um pouco menores do que as birmanesas, as pítons-indianas preferem áreas mais secas, podem medir até 6 metros de comprimento e pesar até 95 kg, mais ou menos, e são mais ágeis e mais agressivas do que suas primas.
Pois bem! Essas duas classes de cobras estão se proliferando na Flórida — onde são consideradas espécies invasivas —, e um time de cientistas descobriu que, embora seja incomum que esses dois répteis acasalem na natureza, as birmanesas e as indianas andam se enroscando nos pântanos norte-americanos e dando origem a um híbrido que possivelmente herdará as melhores (ou piores, dependendo de como você analisar a situação) características de cada uma.
E aí, você encararia? (The Guardian/Joe Skipper/Reuters)
Os pesquisadores descobriram essa “hibridação” enquanto realizavam um levantamento focado em mapear o tamanho da população de pítons-birmanesas — que não para de crescer na Flórida. Segundo os registros, essas cobras começaram a se proliferar por lá na década de 80 e, de lá pra cá, se tornaram a espécie dominante do Parque Nacional de Everglades e inclusive começaram a se espalhar para outras áreas de conservação do estado.
Então, para que os cientistas tenham um panorama mais preciso da área de abrangência desses animais e possam definir planos para conter a proliferação, eles começaram a coletar amostras de DNA das cobras para descobrir quais eram as áreas com mais procriação dos répteis. Foi aí que, em meio ao material genético analisado de 400 pítons-birmanesas, os pesquisadores identificaram 13 indivíduos com genes das pítons-indianas.
Pequena (The Guardian/Wayne Lynch/Getty Images/All)
Achou pouco? Calma, caro leitor... Os cientistas examinaram o DNA de 400 cobras apenas, quando, na verdade, a estimativa é que a população de pítons-birmanesas na Flórida seja de pelo menos 150 mil indivíduos — e crescendo! Isso significa que, estatisticamente, podem haver perto de 5 mil desses animais híbridos rastejando pelo estado norte-americano agora mesmo e evoluindo de forma a manter as feições genéticas mais adequadas para sua sobrevivência.
Por um lado, a descoberta é bastante interessante, uma vez que, além de os pesquisadores determinarem que duas espécies distintas de cobra estão acasalando na natureza, o que eles estão assistindo é a um processo de progresso evolutivo acontecendo bem ali, diante de seus olhos na Flórida. Por outro lado, no entanto, o time acredita que os filhotes desse amor possam se tornar um problema maior ainda no estado, uma vez que as cobronas híbridas, ademais de gigantes, podem acabar se transformando na nova supercobra do pedaço.
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