Estilo de vida
11/09/2018 às 08:30•3 min de leitura
Nem sempre é necessário, mas muita gente já passou pelo suplício de retirar os dentes do siso. Sua localização não ajuda em nada no processo, sem falar na questão de que, quase sempre, eles nascem em posições nada usuais, se mantendo muitas vezes abaixo da gengiva. Mas por que ele ainda existe? Conheça 7 curiosidades sobre o terceiro molar (ou dente do siso).
Quando nossos antepassados foram caçadores-coletores, há muito tempo, nossos terceiros molares eram bem úteis, pois precisávamos mastigar alimentos duros, como carne crua, raízes e folhas. O tempo passou, dominamos o fogo e conseguimos processar nossa comida, tornando-a mais macia, palatável e diminuindo a necessidade de um grande poder de mastigação.
Junto disso, segundo o pesquisador da Universidade de Princeton, Alan Mann, há 200 mil anos o cérebro dos humanos começou a crescer rapidamente, alterando o formato do crânio e prejudicando o posicionamento dos dentes. Antes desse processo, o cérebro era três vezes menor do que é hoje, e essa é a principal causa de nossos problemas atuais com os dentes do juízo. A troca parece ter sido justa.
Vendo pelo lado positivo, cientistas afirmam que a evolução de nossos corpos tende a eliminar o dente do siso, mas o problema é o tempo que isso vai levar. "Na escala evolucionária, se eu tivesse que prever o caminho, diria que provavelmente daqui a alguns séculos os dentes do siso serão uma das coisas que os humanos provavelmente não terão mais", opina o Dr. William McCormick, professor assistente de Clínica Médica da West Virginia University.
Da mesma forma que você pode ter os quatro dentes do siso, também é possível que não exista nenhum deles. O que determina essa quantidade são fatores genéticos, como tamanho da mandíbula ou sua ascendência. Por exemplo: praticamente nenhum aborígene tasmaniano possui dentes do siso, mas quase a totalidade de índios mexicanos possuem pelo menos. Europeus possuem uma tendência maior em apresentar o terceiro molar, fato explicado pela pouca variação genética que ocorre no continente.
As raízes do dente são formadas primeiro, para que depois a parte visível apareça e se desenvolva. Geralmente, terceiros molares possuem de duas a três raízes, mas esse número não é uma regra. McCormick conta que, nos anos 1970, removeu os dentes do siso de sua esposa e ficou impressionado com o que viu, pois eles apresentavam incríveis cinco raízes. "Parecia com uma aranha, e não foi uma extração agradável".
Por esse motivo, recomenda-se que a extração seja feita o mais cedo possível, pois as raízes ainda não estão totalmente consolidadas. O Dr. Ron Good, um ortodontista no sudoeste da Pensilvânia, fez uma analogia da situação, explicando que "quando as raízes estão totalmente formadas, elas são ancoradas como uma árvore que está no seu quintal há 100 anos".
De acordo com os registros do Livro dos Recordes, o Guinness Book, existiu uma pessoa que teve seu dente do siso aflorando aos 94 anos. O problema não é atual, pois até Aristóteles, em seu livro "História dos Animais", cita que "são conhecidos casos de mulheres com mais de 80 anos de idade em que, no final da vida, os dentes do siso surgiram, causando grande dor à; e casos do fenômeno também foram conhecidos em homens".
Quando não há espaço suficiente para que eles nasçam, acabam empurrando os outros dentes, causando muito incômodo. O caso mais antigo registrado dessa situação ocorreu há 15 mil anos, identificado no esqueleto de uma mulher com aproximadamente 30 anos de idade encontrado na França. Essa descoberta acaba com a teoria de que os problemas começaram com a mudança em nossa dieta.
Existe um debate muito grande na comunidade científica sobre a retirada dos terceiros molares, no caso de não apresentarem problemas para o resto da arcada dentária. Nos EUA a prática é comum, pois a maioria dos dentistas acredita que a presença dos dentes funciona como uma bomba-relógio prestes a explodir. Para o Dr. Bob, da Good Ortodontia, “em geral os dentes do siso não têm valor e são apenas problemas em potencial”. A manutenção deles na boca poderia causar diversos outros inconvenientes, como pressionar os outros dentes e prejudicar a limpeza, aumentando o risco de cáries.
Do outro lado, estão os dentistas do Reino Unido, que desde 1998 não recomendam a extração dos dentes do siso de forma profilática, por não existirem estudos que apoiem a prática. Mesmo nos EUA, alguns profissionais estimam que apenas 12% das pessoas apresentariam algum problema futuro relacionado à presença dos dentes, e esse número não seria suficiente para submeter pessoas ao processo cirúrgico necessário para a extração.
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