Estilo de vida
02/11/2018 às 05:30•2 min de leitura
Como você deve saber, não é de hoje que são realizados estudos para descobrir como os organismos dos astronautas reagem quando eles permanecem temporadas no espaço. Já se sabe, por exemplo, que a ausência de gravidade pode ocasionar atrofia muscular, a perda de massa óssea, um ligeiro aumento de estatura, a redistribuição dos fluídos pelo corpo — o que, por sua vez, pode afetar o funcionamento do sistema circulatório e prejudicar a visão —, e até causar alterações no DNA.
No entanto, recentemente, um estudo revelou que permanecer por longos períodos em ambientes de microgravidade também pode afetar dramaticamente o cérebro. Lembra que a gente comentou acima que as temporadas no espaço causam uma redistribuição de fluídos corporais, né? O levantamento apontou que o líquido cefalorraquidiano, que ocupa o espaço que existe entre o cérebro e o crânio e ajuda a amortecer impactos, passa a se comportar de forma diferente, se acumulando onde não devia e “espremendo” o órgão.
Conforme explicou Maya Wei-Haas, da National Geographic, o estudo foi conduzido com cosmonautas russos após seu regresso de missões espaciais e publicado no New England Journal of Medicine há alguns dias. De acordo com os cientistas por trás da pesquisa, embora a maioria dos participantes tenha se recuperado completamente depois de voltar, algumas anormalidades e deformações seguiram sendo detectadas nos cérebros dos viajantes mesmo após 7 meses de eles retornarem de suas temporadas no espaço.
(National Geographic/NASA/Steve Swanson)
Segundo os pesquisadores, o que parece acontecer com os cérebros dos astronautas — ou cosmonautas, tanto faz! — é que o aumento da pressão intracraniana causada pelo acúmulo de líquido cefalorraquidiano faz com que as células e estruturas cerebrais retenham mais fluídos, e quando o líquido é drenado, o cérebro acaba perdendo volume.
Parece assustador? Um pouquinho... E o problema é que os cientistas não sabem ainda se essa retenção de fluídos e consequente “encolhimento” do cérebro podem ocasionar algum tipo de sintoma neurológico ou deficiência cognitiva.
(National Geographic/Robert Clark)
A preocupação é que, se as permanências de poucos meses podem acarretar esse tipo de consequência, o que aconteceria com astronautas que tivessem que realizar viagens mais longas, como seria o caso ir até Marte — missão que está no radar das agências espaciais há algum tempo? O que fica claro com os resultados apresentados pelos pesquisadores é que será necessário fazer muitos outros estudos antes de enviar humanos para explorar outros planetas em segurança.
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