Artes/cultura
22/01/2019 às 12:00•2 min de leitura
Além da extinção que levou ao desaparecimento dos dinossauros – desencadeada, ao que tudo indica, pela colisão de um asteroide com a Terra –, o nosso planeta passou por outros tantos eventos que levaram à morte em massa de espécies.
Um deles, especificamente, ocorrido há cerca de 2,6 milhões de anos, no finalzinho do Plio-Pleistoceno, resultou na perda de 36% da fauna – em especial, animais marinhos, incluindo o temido Megalodon – e, em vez de ter sido provocado pelo impacto de uma rocha espacial, cientistas acreditam que essa extinção pode ter sido gerada por uma supernova.
Tamanho de um Megalodon comparado ao de um grande-tubarão-branco e um humano (PhatFossils)
Como você sabe, supernova é o nome dado ao colapso de estrelas massivas que, depois de consumirem todo o seu combustível, “morrem” por meio de espetaculares explosões. Pois, de acordo com Ashley Hamer, do site Curiosity, pesquisadores encontraram evidências de que um desses eventos pode ter afetado a vida no nosso planeta há muito, muito tempo.
Mais precisamente, segundo Ashley, a Terra apresenta grande abundância de um isótopo – um átomo com uma quantidade incomum de nêutrons em seu núcleo – chamado ferro-60, uma partícula radioativa que, conforme vai decaindo ao longo do tempo, se converte em cobalto e níquel.
(Wikimedia Commons/NASA/ESA/J. Hester e A. Loll)
Os cientistas sabem que ambos elementos encontrados hoje na natureza foram produzidos a partir de isótopos presentes no nosso planeta na época da formação da Terra. Portanto, qualquer ferro-60 encontrado por aqui (e que não tenha se convertido ainda em cobalto ou níquel) só pode ter vindo do espaço – possivelmente como resultado de uma supernova. Aliás, a análise dos isótopos pode inclusive ajudar os pesquisadores a determinar quando a explosão estelar aconteceu.
Pois bem! De acordo com Ashley, dois times distintos de cientistas – um da Austrália e o outro, da Alemanha – encontraram evidências de ferro-60 aqui na Terra e, enquanto uma das equipes conseguiu estabelecer que os isótopos eram provenientes de supernovas que ocorreram a mais ou menos 325 anos-luz de distância do nosso planeta, a outra equipe conseguiu definir as datas das explosões, concluindo que uma se deu há 2 milhões de anos e a outra, 7 milhões de anos atrás.
Foi com base nas descobertas realizadas através desses dois estudos que surgiu a teoria de que uma supernova pode ter sido culpada pela extinção do Plio-Pleistoceno. Jamais foi encontrado um motivo para o evento, e a data de uma das explosões coincide com a do desaparecimento das espécies. Assim, os pesquisadores acreditam que o que aconteceu foi que o colapso de uma estrela pode ter resultado em uma letal “chuva” de múons – partículas subatômicas centenas de vezes mais massivas do que os elétrons – aqui na Terra.
(Phys Org)
O nosso planeta é atingido por essas partículas constantemente – que viajam pelo espaço de carona com raios cósmicos até colidirem com a atmosfera. Muitas chegam à superfície, e os nossos corpos mesmo são atravessados por elas o tempo todo! Isso não costuma provocar qualquer dano, mas, no caso de 2,6 milhões de anos atrás, os cientistas pensam que a supernova exacerbou o fenômeno, fazendo com que a quantidade de múons a colidir com a Terra fosse insana.
Com isso, os pesquisadores creem que as espécies animais acabaram se tornando vítimas da interferência dessas partículas radioativas e estimam que ocorreu um catastrófico aumento no número de mutações genéticas e no desenvolvimento de cânceres que, eventualmente, causou o desaparecimento de um grande número de espécies. E você, caro leitor, o que acha da teoria?