Ciência
19/09/2019 às 04:00•2 min de leitura
Nuvens de gafanhotos compõem a imagem bíblica de castigo e destruição. Em tempos modernos, nuvens de libélulas confundem radares meteorológicos e deixam pesquisadores se perguntando por que, sendo um animal que prefere viajar sozinha, as libélulas estão se juntando em caravanas para cruzar os Estados Unidos.
Esta semana, em vez de mostrar as primeiras formações de chuvas de verão, os radares se encheram de manchas verdes – nuvens de libélulas migrando para o sul para fugir do outono que avança no hemisfério norte. Na segunda-feira (16), o meteorologista do Serviço Nacional de Meteorologia de Cleveland (NWSCLE) Doug Kahn viu grandes massas azuladas se movendo e inchando sobre Ohio.
Aquelas bolhas ondulantes no radar não eram formações de tempestade e sim, de libélulas. No dia seguinte, o NWSCLE postou no Twitter imagens de radar mostrando nuvens pulsantes sobre Ohio, Indiana e Pensilvânia.
While we are not biological experts, we have determined (through input from our followers) that it's most likely dragonflies mixed with other insects/birds! https://t.co/5MeJXj37zq
— NWS Cleveland (@NWSCLE) September 10, 2019
O radar de polarização dupla usado pela NWSCLE é capaz de fornecer uma imagem quase 3D do que quer que esteja na atmosfera. Para que isso aconteça, é feita uma varredura tanto horizontal quanto vertical no céu. Isso determina as dimensões do que está no ar, permitindo que os meteorologistas descubram o que há na atmosfera antes mesmo de ser visível a olho nu.
Segundo o professor de entomologia da Universidade Estadual de Ohio Norman Johnson disse à CNN, as libélulas geralmente não viajam em nuvens, mas as condições climáticas locais podem fazer com que elas se amontoem. "Grandes aglomerações foram registradas ao longo dos anos, mas não são regulares". De acordo com ele, os entomologistas ainda não sabem exatamente como se dá a migração das libélulas, além de que, usando correntes de ar, esses insetos cobrem uma média de 13 quilômetros por dia (alguns podem voar até 86 quilômetros).
Radares como os do NWSCLE são usados ??para rastrear migrações sazonais de animais como abelhas, pássaros e moscas – todos os que usam o ar para se mover. E libélulas não são as únicas a ocuparem os radares meteorológicos. Em junho, uma verdadeira tempestade de joaninhas inundou os céus (e os radares) da Califórnia; na Inglaterra, um grupo de pesquisadores que acompanham a migração de insetos ao redor do mundo descobriu que, a cada ano, quatro bilhões de moscas-de-flores migram para o sul da Inglaterra e para além da fronteira.
Apesar de parecerem assustadoras e de fazerem barulhinhos estranhos, libélulas são inofensivas. Entre outras particularidades, elas enxergam muito mais cores do que os seres humanos. Quer saber como elas veem o mundo? Confira o vídeo abaixo:
ITEOTA TEASER from Marshmallow Laser Feast on Vimeo.