Artes/cultura
11/10/2019 às 07:01•2 min de leitura
O orgasmo feminino continua sendo motivo de muitas perguntas e até mesmo considerado, por muitos, um mistério. Há milhares de mulheres que ainda não conseguiram “atingir o clímax”, seja com um parceiro, uma parceira ou sozinhas e há ainda quem diga que uma boa parcela da população feminina nunca conseguirá ter um orgasmo na vida.
Que as perguntas, curiosidades e mistérios são muitos, ninguém questiona, mas existem biólogos evolucionistas que estão mais preocupados com o “porquê” do que com o “como”. Pela primeira vez, foram encontradas evidências de que o orgasmo feminino é uma adaptação de um mecanismo já observado em outros animais, nos quais o sexo serve de estímulo para a ovulação.
Complexo, o orgasmo envolve um conjunto de gatilhos neurológicos, o que dificulta o processo de “evolução” como a conhecemos e ele é responsável, inclusive, por um processo de “seleção natural”. Quem tem orgasmos é mais propenso a ter filhos saudáveis, explica a ciência. Embora as mulheres não precisem, necessariamente, de um orgasmo para a concepção, atingi-lo com mais frequência pode incentivar o sexo, aumentando as chances de gerar filhos.
Interessada em conhecer as origens profundas do orgasmo feminino, a doutora Mihaela Pavlicev, da Universidade de Cincinnati, estou a fundo o impacto que ele tem na eficiência reprodutiva. Ela explica que alguns animais maximizam a eficiência reprodutiva esperando o sexo para ovular, uma espécie de “gatilho”. O coelho é uma dessas espécies que não quer “desperdiçar o esforço biológico” e eles possuem uma capacidade de reprodução lendária.
Foto: Pixabay
Pavlicev estudou então a influência de inibidores, tratando coelhos com fluoxetina, um conhecido inibidor seletivo da receptação de serotonina, conhecido por interferir no orgasmo humano.
Os coelhos que participaram do estudo da pesquisadora tiveram 30% menos chances de ovular após a cópula quando foram tratados com fluoxetina. Testes adicionais mostraram ainda que a droga afetava o sistema nervoso central e não diretamente os ovários. A pesquisadora concluiu que o sexo estimula orgasmos em mulheres e a ovulação e coelhos por vias neuroendócrinas semelhantes. Assim, é muito provável que o orgasmo em ambos tenha uma origem comum.
Pavlicev já havia desenvolvido um estudo anterior e concluiu que os primeiros mamíferos eutherianos ovulavam apenas a partir do sexo. Além disso, o estudo sugeriu que apesar de muitos parentes próximos dos humanos não tenham orgasmos femininos, a estimulação da ovulação é por meio do prazer sexual.
A atual pesquisa da doutora deixa ainda muitas dúvidas e, entre elas, uma que paira há muito tempo: por que o orgasmo é tão fácil para algumas mulheres e difícil para outras? A resposta ainda não veio, mas certamente outros estudos serão desenvolvidos para resolver esse “mistério”.