Cientistas utilizam falsa memória para ensinar pássaros a cantar

15/10/2019 às 07:302 min de leitura

Não é incomum que cientistas utilizem animais com características fisiológicas semelhantes às dos seres humanos para tentar entender o funcionamento de alguns órgãos e funções. Ao contrário, essa técnica ainda é uma das mais utilizadas. Os pássaros tentilhão-zebra, por exemplo, são usados para que os pesquisadores compreendam os mecanismos da fala humana, uma vez que o desenvolvimento vocal dos pássaros e dos humanos é bastante semelhante.

Em um estudo recente, novamente os pássaros foram utilizados. Uma equipe de neurocientistas implantou uma falsa memória de melodias nunca ouvidas pelos pássaros. Eles utilizaram um método de controle de tecidos vivos com luz, aoptogenética, para ativar circuitos específicos de neurônios no cérebro das aves

Ao pulsar a ferramenta de luz em um ritmo definido alvejando os neurônios específicos, os pesquisadores conseguiram codificar a “memória” no cérebro dos pássaros. O tempo em que que os neurônios eram mantidos ativos correspondia ao comprimento das notas nas melodias que os pássaros puderam recordar mais tarde.

Essa espécie de pássaro aprende a cantar, em geral, por reprodução, ouvindo seus pais e outros adultos cantando. O estudo mostra que a ferramenta assumiu o papel dos pais, orientando o pássaro na memorização de uma melodia sem que ele de fato tenha escutado.

Foto: Pixabay

Descobertas semelhantes no cérebro humano podem demorar

Publicado na revista Science, o estudo é o primeiro a confirmar que regiões cerebrais codificam uma memória “comportamental” e orienta a imitar determinado discurso ou comportamento. O neurocientista Todd Roberts, do Centro Médico do Sudoeste da Universidade do Texas, ressaltou que “as duas regiões cerebrais que testamos neste estudo representam apenas uma peça do quebra-cabeça”.

Os pesquisadores descobriram ainda que mesmo que a comunicação entre duas regiões do cérebro fosse interrompida depois que o pássaro tivesse aprendido uma música através da memória, ainda assim ele conseguiria cantá-la. Agora, se a comunicação fosse cortada antes que ele pudesse formar a memória, ele jamais conseguiria aprendê-la.

Roberts afirmou ainda que pode demorar para que descobertas semelhantes sejam feitas no cérebro humano. “O cérebro humano e os caminhos associados à fala e à linguagem são imensamente mais complicados do que os circuitos dos pássaros, mas nossa pesquisa está fornecendo pistas fortes sobre onde procurar mais insights sobre distúrbios do neurodesenvolvimento”, explicou.

As pesquisas devem continuar com o objetivo de descobrir como a aprendizagem vocal e o desenvolvimento da linguagem acontecem no cérebro humano.

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