Estilo de vida
17/10/2019 às 10:35•2 min de leitura
Leonardo da Vinci – o pintor, matemático, engenheiro, arquiteto, anatomista, poeta, músico, escultor, botânico e inventor florentino considerado por muitos como um dos maiores gênios que o mundo já viu – deixou inúmeros esboços e projetos para a posteridade. Pois, entre eles, está o desenho de uma ponte colossal que, segundo revelou um estudo recente, conduzido por uma engenheira do MIT (Massachusetts Institute of Technology), teria dado certo se tivesse sido construída.
De acordo com Stephen Luntz, do site IFLScience!, Da Vinci projetou a ponte no comecinho do século 16, a pedido do sultão bizantino Bayezid II. Esse cara queria ligar a antiga cidade de Constantinopla – que correspondia ao atual bairro de Sultanahmet em Istambul – ao Gálata, um distrito que fica separado da península pelo Chifre de Ouro. Veja na imagem a seguir a torre que marca a sua localização:
Na realidade, já existiam pontes conectando essas duas regiões – construídas no século 6 por Justiniano, o Grande –, mas o sultão queria uma estrutura que conectasse os centros de Constantinopla ao do Gálata, o que significava que a ponte, além de ser muito maior do que as outras, teria de ser erguida sobre uma área mais vasta do Chifre de Ouro. Só que, ademais do desafio relacionado com as dimensões e robustez da obra, quem quer que projetasse a ponte não deveria se esquecer de que esse estuário apresentava grande circulação de embarcações.
Então, o genial Leonardo apresentou um projeto onde propôs a construção da que seria a mais longa ponte do mundo na época – e que atravessaria o Chifre de Ouro em um único arco, ligando os 2 centros e sendo alta o suficiente para permitir que os barcos pudessem navegar tranquilamente pelo estuário.
A obra jamais saiu do papel, infelizmente, e, apesar de versões em menor escala terem sido construídas pelo mundo – e inclusive rejeitadas por serem consideradas “modernas” demais! –, muitos duvidavam que a ponte, caso tivesse sido erguida com as tecnologias disponíveis naqueles tempos, seria capaz de resistir sem ruir.
Segundo Stephen, a engenheira Karly Bast resolveu pôr o projeto de Da Vinci à prova e descobriu que a ponte provavelmente resistiria, sim, e que o segredo do sucesso para a construção foi que Leonardo substituiu os arcos semicirculares – que normalmente eram usados para dar suporte a esse tipo de estrutura – por um único arco. Esse, aliás, seria menos pronunciado do que os habituais e se estenderia por incríveis 280 metros, e a estrutura de manteria no lugar apenas por compressão!
Ademais, a ponte de Da Vinci contaria com contrafortes mais abertos que ajudariam a dar a ela mais estabilidade contra forças laterais – como em caso de terremotos, por exemplo – e seria 10 vezes mais longa do que qualquer outra construída até então. A engenheira também averiguou quais seriam os materiais utilizados e técnicas de construção da época para erguer tal estrutura e fez um levantamento geológico do local onde se daria a obra.
A pesquisadora concluiu que, caso Da Vinci não inventasse nenhum método, maquinário ou material novo para realizar o trabalho, a ponte provavelmente seria feita de pedra, uma vez que materiais como tijolos ou madeira não seriam resistentes o suficiente, e criou uma réplica na escala 1:500 com 126 blocos produzidos com uma impressora 3D – que continua firme forte desde a sua montagem. E, com isso, fica mais uma vez comprovada a genialidade de Leonardo da Vinci, dono de uma mente muito, muito além de seu tempo.