Ciência
01/11/2019 às 05:00•1 min de leitura
Sabemos muito bem que baleias nadam e morcegos voam e que tais habilidades parecem muito distantes uma da outra, apesar de ambos serem mamíferos. Porém, semelhanças nos genes desses dois animais são responsáveis por uma habilidade em comum que é muito interessante e diferente: a ecolocalização, também chamada de biossonar.
Algumas espécies de orcas, morcegos e golfinhos utilizam a ecolocalização para poder transitar e caçar. Esses animais emitem ondas de alta frequência (imperceptíveis aos humanos) que, ao se chocarem com um objeto, retornam em forma de eco permitindo que esses bichos consigam detectar a distância e localização de tais objetos. Esse é o motivo pelo qual um morcego pode caçar tranquilamente à noite, em total escuridão, sem esbarrar em obstáculos. Da mesma maneira, as baleias e os golfinhos conseguem ser altamente eficazes em águas turvas. A ecolocalização é um grande mecanismo de sobrevivência para esses animais.
Os morcegos utilizam a boca (ou as narinas, de acordo com a espécie) para emitir as ondas sonoras, já as orcas e os golfinhos emitem os sons de alta frequência por meio da laringe. Contudo, ambos utilizam os ouvidos como forma de captação do eco.
Segundo pesquisadores de Stanford, após testes no gânglio coclear (uma espécie de caracol situado no interior do ouvido) de animais que usam a ecolocalização em comparação com outros da mesma espécie que não utilizam, foi possível perceber 25 alterações de aminoácidos em 18 genes. O que isso quer dizer? Isso significa que, mesmo analisando animais de diferentes espécies, eles possuíam características genéticas em comum quando o assunto era a habilidade de se ecolocalizar.
Isso implica que houve uma alteração convergente, fazendo com que espécies distintas (morcegos, baleias e golfinhos) tivessem mutações em genes similares. Por isso, não importa se um voa e o outro nada, o que é importante é que cada um deles desenvolveu características genéticas parecidas que os fizeram ter habilidades similares.