Artes/cultura
22/01/2020 às 07:00•2 min de leitura
Um estudo datado desde a primeira metade do século XIX está se destacando por quebrar uma imposição bastante comum entre leigos e boa parte da comunidade científica. Segundo equipe médica liderada pela professora Julie Parsonnet, da Universidade de Stanford, EUA, a temperatura do corpo humano vem decrescendo gradativamente com o passar das décadas e, desse forma, o conhecimento popular de que o organismo se mantém com 37ºC já é considerado equivocado.
O texto proposto pelo estudo foi publicado recentemente pela Scientific American e foi resultado da combinação de dados equivalentes à três épocas diferentes da história moderna e contemporânea. Os primeiros dados foram retirados de um grupo de 23.710 veteranos do Exército da União da Guerra Civil Norte-Americana, registrados durante 1860 e 1940, enquanto os outros foram retirados de 1971 a 1975 e 2007 a 2017, totalizando 677.423 análises de temperatura.
Dessa forma, foi observado um registro entre as épocas indicando uma diminuição de cerca de 0,59 ºC entre homens do século XIX e os atuais, assim como de 0,32 ºC em mulheres no mesmo intervalo de tempo, equivalendo a uma média de queda de 0,03 ºC por década. Importante reforçar que, no caso das mulheres, uma das possíveis justificativas para uma dimunuição menor, se comparada com a dos homens, é justificada por, durante as décadas de 1800, elas terem cerca de 0,32 ºC de temperatura corporal a mais do que o sexo masculino.
Dessa maneira, estima-se que a atual média corporal seja algo em torno de 36,6 ºC ao invés dos convencionais 37 ºC. "O ambiente em que vivemos mudou, incluindo a temperatura em nossas casas, nosso contato com micro-organismos e até os alimentos com os quais temos acesso", diz Parsonnet. "As pessoas modernas têm menos infecções, graças a vacinas e antibióticos, por isso nosso sistema imunológico é menos ativo e nossos tecidos corporais menos inflamados."
Apesar das tecnologias de medição de temperatura, como nos casos de termômetros, terem mudado bastante se comparadas a séculos atrás, as quedas de temperaturas foram registradas igualmente entre as décadas, com registros bastante aproximados entre os casos estudados.
Os dados fazem menção, de certa forma, a uma espécie de evolução sistêmica do corpo humano, onde a adaptação e as consequentes alterações no metabolismo corpóreo são primordiais para a manutenção do organismo.