Ciência
16/02/2020 às 09:00•2 min de leitura
Um estudo publicado pela neurocientista evolutiva de Universidade de Harvard, Erin Hetch, pode trazer novas implicações sobre a evolução cerebral dos cachorros, especialmente sua relação com a ideia da domesticação de sobre a moldagem de sua atividade comportamental. A análise, chamada de "a hipótese da domesticação", busca compreender como se deu o processo de adaptação entre homens e cães, especialmente seu convívio e seu teor transformacional, onde os dois tornam-se espécies de "melhores amigos".
Os testes foram realizados com a comparação de exames de ressonância magnética entre 62 cachorros de 32 raças distintas, a fim de identificar se a domesticação havia, de algum modo, alterado a estrutura cerebral de cães. Os resultados foram surpreendentes, identificando que, apesar dos animais terem diferentes formatos de cabeça e das mais variadas proporções, seis regiões cerebrais foram encontradas em cada análise de ressonância, apresentando um padrão de sincronização e, segundo a neurocientista, podendo estar relacionado às raças.
“A primeira questão a que queríamos responder era se existiam diferenças entre os cérebros de cães de diferentes raças”, disse Erin, em artigo publicado no The Journal of Neuroscience. “A anatomia cerebral varia consoante a raça do cão. As estruturas dentro dos cérebros também são diferentes e, ao que tudo indica, alguma desta variação deve-se ao cruzamento selectivo tendo em conta comportamentos específicos, tais como a caça, o pastoreio ou a guarda.”
As regiões mapeadas, ligadas à sentidos como olfato, visão, paladar e outros, foram essenciais no entendimento do comportamento das raças de cães, sendo possível perceber que são utilizadas para os mais diferentes fins como os cães policiais, cães guias, cachorros mais brincalhões, outros mais bravos com a proximidade humana, e diversas outras variações.
O próximo passo seria uma análise de estruturas dentro das próprias raças de cães, já que, segundo o diretor do Laboratório de Cognição Canina e Interacção Humana da Universidade de Lincoln, Jeffrey Stevens, em entrevista para o Washington Post, o ideal seria identificar e comparar as estruturas de animais que desempenhassem funções e apresentassem comportamentos semelhantes, a fim de resultados mais objetivos e conclusivos.
A pesquisa foi realizada essencialmente com cães de estimação de residências norte-americanas, sem relações com atividades com fins de caça, pastoreio e outras.