Ciência
17/02/2020 às 07:00•2 min de leitura
O equilíbrio do ecossistema só é possível graças à variedade de espécies que desempenham papeis fundamentais na natureza. Entre essas espécies estão as abelhas, responsáveis por polinizar a paisagem selvagem. São elas os insetos mais eficazes na polinização de culturas como tomate, frutas e abóboras. Elas facilitam o crescimento de cerca de 35% das colheitas globais. Portanto, pensar na extinção das abelhas é ter a certeza de que teríamos graves problemas, certo? Certo. Mas essa projeção alarmante começa agora a fazer sentido.
Uma nova pesquisa publicada na revista Science e desenvolvida por cientistas da Universidade de Ottawa aponta que as taxas de sobrevivência das abelhas estão caindo significativamente. Na Europa, entre 1975 e 2000, a queda foi, em média, de 17%. Nos Estados Unidos, a taxa no mesmo período é ainda mais preocupante: 46%.
Com o aumento da temperatura global e das taxas de precipitação, as abelhas têm tido problemas para se adaptar. Além disso, as ondas de calor e secas prejudicam as flores, das quais elas se alimentam.
Na pesquisa da Universidade de Ottawa, os cientistas criaram um modelo que estima a probabilidade de declínio de 66 espécies de abelhas na América do Norte e Europa. No estudo, são levadas em consideração as tolerâncias individuais de cada espécie tanto de temperatura quanto de precipitação.
O cálculo foi feito observando conjuntos de dados da população dos séculos XX e XXI e os resultados estão alinhados a uma extinção em massa, o que pode acarretar no desaparecimento das abelhas em algumas décadas.
A equipe de pesquisa observou que o calor sobrecarrega o metabolismo e as fontes de alimento das abelhas, por isso, em locais onde as altas temperaturas são mais frequentes e onde há picos mais acentuados, elas são mais vulneráveis.
O ecologista da Universidade de Sussex, Dave Goulson, explicou que as abelhas prosperam em regiões mais frias e, nas mais quentes, tendem a superaquecer. Portanto, não estão preparadas para o superaquecimento do planeta.
Além dos problemas climáticos, as abelhas enfrentam ainda as ações humanas diretas que podem potencializar o risco de extinção. O uso de pesticidas e a intensificação agrícola reduzem o voo das abelhas e dificultam a polinização. “Nossos resultados mostram que enfrentamos um futuro com muito menos abelhas e muito menos diversidade, tanto ao ar livre quanto em nossos pratos”, alertou Peter Soroye, autor do estudo.