Artes/cultura
04/03/2020 às 10:00•2 min de leitura
Quase sempre vista como teoria da conspiração, a suposta origem extraterrestre de diversos itens intriga até mesmo as mentes mais convictas de que estamos sozinhos no universo. Um grupo de cientistas, entretanto, divulgou uma descoberta que, se confirmada, pode dar novos rumos à ciência: eles encontraram uma proteína desconhecida no interior de um meteorito.
Ainda encarada com ceticismo por parte da comunidade científica, esta notícia traria à luz a primeira amostra extraterrena deste tipo de macromolécula. Proteínas são tidas como compostos orgânicos essenciais para a evolução da vida e podem ser encontradas em rochas espaciais, mas o fato de desconhecermos a extensão de possíveis formas químicas no espaço torna qualquer análise mais aprofundada de tais compostos um desafio.
Dimitar Sasselov, pesquisador da Universidade Harvard, atribui a dificuldade de estudos às limitações de recolhimento de amostras. “Não se pode simplesmente chegar ao meteorito, coletar um pedaço dele, analisá-lo e afirmar ‘Ok, encontrei isso, isso e aquilo’, pois o diabo mora nos detalhes”, declarou.
Uma amostra intocada de meteorito foi encontrada na Argélia em 1990, e Julie McGeoch, também pesquisador em Harvard, e seus colegas analisaram o achado usando uma série de brocas pequenas e higienizadas para atingir o núcleo da rocha e retirar pedaços do material.
Depois disso, os cientistas coletaram a poeira resultante do processo e a misturaram com líquidos diversos, incluindo água e clorofórmio. Um laser foi projetado na mistura para torná-la gás e possibilitar a realização de espectrometria de massa. Uma vez que os gases foram examinados, foram detectados átomos adicionais e uma combinação de aminoácidos.
Julie McGeoch não forneceu mais detalhes sobre o caso, mas, aparentemente, vestígios de vida são capazes de suportar ambientes mais extremos que os conhecidos até então. “É mais uma confirmação de que tais processos químicos variados podem ocorrer na natureza, não apenas em laboratórios humanos”, afirma.
A revista New Scientist consultou outros especialistas para saber o que acham disso, mas vários deles foram céticos com a descoberta. “Seria incrível, mas não acho que seja o caso aqui”, declara Lee Cronin, da Universidade de Glasgow. De acordo com ele, as estruturas encontradas não fazem sentido algum, destacando, ainda, haver dados incompletos que colocam a notícia em xeque.
Amenizando a crítica, Sasselov não descarta os esforços dos colegas. “Só precisa de um pouco mais de evidência, e espero que realmente nos leve a algum lugar”, finaliza.