Crânio de criança pode ser o fóssil mais antigo de Homo erectus

14/04/2020 às 10:002 min de leitura

As pesquisas sobre os parentes da humanidade não param e um novo estudo sugere que três dos mais antigos podem ter vivido no mesmo lugar e ao mesmo tempo. Paleontólogos encontraram, durante uma escavação em uma caverna na África do Sul, o mais antigo fragmento de crânio de um Homo erectus. O fóssil é de cerca de 2 milhões de anos atrás e, segundo o estudo publicado na revista Science em 3 de abril, o crânio é de uma criança que tinha entre dois e três anos de idade quando morreu.

Fragmento de crânio de criança foi encontrado na ÁfricaFragmento de crânio de criança foi encontrado na África

A análise englobou uma série de fósseis escavados na caverna Drimolen entre 2015 e 2018. O que leva os pesquisadores a acreditarem na convivência entre Homo erectus, Australopithecus africanus e Paranthropus robustus é a descoberta de fósseis de todos na mesma região, o Sistema de Paleocavernas Drimolen, perto de Joanesburgo, conhecido como "Berço da Humanidade". 

Trata-se de uma rede de 466 quilômetros quadrados de cavernas em calcário com um rico material que diz muito sobre o início da humanidade. A convivência, sugere o estudo, aconteceu há aproximadamente 2 milhões de anos. No local, foram encontrados mais de 900 fósseis.

“A era do fóssil mostra que o Homo erectus existia de 150 mil a 200 mil anos antes do que se pensava. Agora, podemos dizer que o Homo erectus compartilhou a paisagem com o Paranthropus e o Australopithecus”, afirma Andy Herries, principal autor do estudo e chefe do Departamento de Arqueologia e História da Universidade La Trobe, da Austrália.

Disputa entre Homo erectus e Paranthropus pode ter levado à extinção do Australopithecus

Os restos fósseis de Australopithecus e Paranthropus encontrados também em Drimolen são do mesmo período e, segundo a pesquisa, isso demonstra que os três viveram lado a lado, mesmo que por um breve período. Ainda de acordo com os pesquisadores, esse período breve teria sido de transição, pouco antes da extinção do Australopithecus e quando o Homo erectus iniciava sua história de quase 2 milhões de anos.

Diversos fósseis foram encontrados no mesmo local, na caverna DrimolenDiversos fósseis foram encontrados no mesmo local, na caverna Drimolen

Além disso, a “competição” acirrada entre o Homo erectus e o Paranthropus teria levado à extinção total do Australopithecus, sugere o estudo.

Até o momento, os primeiros fósseis de Homo erectus vinham da Geórgia e após a descoberta, há a hipótese de que eles tenham migrado da África há cerca de 1,85 milhão de anos.

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