Ciência
17/04/2020 às 06:00•2 min de leitura
O incêndio ocorrendo atualmente no norte da Ucrânia já vinha causando grandes preocupações, principalmente por gerar aumento significativo no nível de radiação local, fruto da retenção de radioatividade nas florestas após o acidente nuclear de Chernobyl.
Ainda fora de controle no momento, o fogo já chegou na cidade fantasma de Pripyat e está uma distância de um a dois quilômetros da antiga Usina Nuclear de Chernobyl, segundo informações de guias de turismo local, moradores da região e ativistas.
Sergiy Zibtsev, chefe do Centro Regional de Monitoramento de Incêndios do Leste Europeu, afirmou que 20 mil hectares estão comprometidos pelo incêndio a oeste da zona de exclusão do acidente nuclear.
(Fonte: Volodymyr Shuvayev / Agence France - Presse)
Parte da população local e importantes organizações de ativismo pelo meio ambiente estão questionando a falta de seriedade do governo para lidar com esta ameaça. O Greenpeace Russia afirmou que a área coberta pelo fogo é mil vezes maior do que foi divulgado pelas autoridades ucranianas.
Anton Herashchenko, vice-ministro do Ministério da Administração Interna da Ucrânia, utilizou o Facebook para acalmar a população, focando no fato do nível de radiação em Kiev estar equilibrado.
Em vídeo divulgado ontem, Volodymyr Demchuk, oficial sênior do Serviço de Emergência da Ucrânia, também tentou aliviar a tensão do povo e afirmou que "não há ameaça para a usina nuclear de Chernobyl" ou para as instalações de armazenamento do resíduo radioativo.
(Fonte: REUTERS / Yaroslav Yemelianenko in Rahivka, Ukraine, April 5, 2020)
Se a situação continuar como está agora, o nível de radiação tem a tendência de aumentar um pouco nas regiões onde a fumaça chega através do vento, mas não há risco de um aumento geral da radioatividade no leste europeu, ou mesmo na Ucrânia. Contudo, se o fogo destruir coisas que estão muito carregadas de radiação (muito mais radioativas que a floresta queimando agora), há chance do problema se tornar mais grave.
Segundo estudo publicado na revista Environmental International em 2014, incêndios em áreas contaminadas por radiação provinda de Chernobyl são comuns, sendo geralmente causados por humanos para fins agriculturais. Porém, o risco de grandes incêndios vem aumentando com o aquecimento global, entre outros fatores.
O estudo aponta também que incêndios em grande escala na região, bem maiores que os atuais, poderiam gerar redistribuição de radioatividade no continente.