40 anos depois: relembre a erupção violenta do Monte Santa Helena

Em 17 de maio de 1980, o vulcão do Monte Santa Helena, nos Estados Unidos, entrava em erupção de uma maneira quase apocalíptica e cinematográfica. No aniversário de 40 anos dessa catástrofe, os relatos acerca desse fenômeno ainda são extremamente curiosos.

Carolyn Driedger, por exemplo, era uma estudante da Universidade de Washington e havia viajado junto de um colega para deixar equipamentos em uma estação geológica perto do vulcão. Embora sua ideia inicial fosse passar uma noite pelas imediações, o geólogo David Johnston, encarregado de monitorar a região, preferiu que eles não fizessem isso.

“Ele disse: 'vamos ter o menor número possível de pessoas aqui'”, ela lembrou. “Ficamos muito desapontados por não passarmos a noite olhando para esse belo vulcão. O sol estava começando a se pôr. Paramos e tirei algumas, últimas, fotos do Monte Santa Helena", Driedger completou.

(Alan Kearney/Reprodução)

Teria sido um desastre caso seus planos se concretizassem, já que na manhã seguinte, exatamente às 8h37, o vulcão entrou em erupção. Até hoje, o evento foi marcado como um desastre sem precedentes na história norte-americana de Geologia.

Um verdadeiro desastre

O repórter Howard Berkes relatou que sentiu sua cama tremer quando tudo aconteceu. Ele correu para a estação de rádio para conferir as informações que chegavam a respeito da erupção. Segundo ele, as nuvens de fumaça chegavam a ter quase 24 quilômetros de altura; a encosta norte havia explodido com uma avalanche de lama, rocha e gelo, enterrando vales e correndo rio abaixo; havia um fluxo de cinzas e gases quentes a cada instante. Além desses incidentes e outros que ocorreram depois, dezenas de pessoas desapareceram entre árvores, pedregulhos, caminhões e casas de madeira flutuando pelos rios e se chocando contra pontes.

(Jack Smith/Reprodução)

Tudo isso causou consequências avassaladoras, dentre elas o maior deslizamento de terra da história. Dessa forma, diversas árvores foram destruídas, e uma área total de cerca de 355 km² foi devastada. As imensas nuvens de fumaça, cinzas e pedra-pomes deram ao mundo imagens impactantes. Estima-se que, ao todo, 57 pessoas tenham morrido por causa do desastre.

Ainda de acordo com Berkes, as cinzas que caíam pela região fechavam estradas, escolas e aeroportos no leste do estado de Washington. O trabalho dos correios teve de ser paralisado naquele momento, principalmente porque as cinzas, além de ofuscarem o caminho, causavam risco para as pessoas, que as inalavam, algo altamente perigoso.

Os perigos do vulcão

Lembra-se do geólogo David Johnston, que trabalhava no monitoramento do Monte Santa Helena? Ele estava reportando, por rádio, quando tudo aconteceu. Infelizmente, a explosão acabou pegando seu carro e também um trailer que utilizava para os trabalhos. Johnston estava a 3,2 km do vulcão e seu corpo nunca foi encontrado. O operador de rádio Gerry Martin, que também estava próximo e reportava informações acerca do desastre, também foi pego pela erupção.

David Johnston em 1980. (USGS/Reprodução)

Embora alguns terremotos terem sido registrados na região há cerca de 2 meses, a manhã do dia 17 de maio de 1980 havia começado de forma muito tranquila. A montanha ainda apresentava seu característico cone coberto por um manto branco de neve.

"A energia que saiu do Monte Santa Helena naquele dia é maior do que qualquer arma nuclear que temos em nosso arsenal", constatou Steve Olson — autor de um livro com a história do desastre. “Todo o lado norte do vulcão entrou em colapso neste vale e isso liberou essa explosão de pressão que estava se formando dentro do vulcão", ele afirmou sobre o ocorrido.

Olson ainda disse que muitas indivíduos que morreram estavam simplesmente acampando ou fazendo caminhadas no entorno daquela região e não necessariamente estavam lá por conta do vulcão, como era o caso de Carolyn Driedger. Dessa forma, muito provavelmente a razão pela qual todas essas pessoas estavam ali era por ser um domingo e elas queriam se divertir.