Estilo de vida
08/06/2020 às 12:58•2 min de leitura
Um estudo publicado no site da The Royal Society de Londres na última quarta-feira (3) dá algumas pistas sobre o conteúdo alimentar do estômago de um dinossauro de 110 milhões de anos, com base na análise floral.
O objeto da experiência foi um holótipo (espécime único) muito bem preservado de um dinossauro "blindado" Borealopelta markmitchelli. Esse nodossauro, que possui impressionantes placas blindadas nas costas, foi mumificado há cerca de 110 milhões de anos, após o jantar.
Esse tipo de estudo é muito difícil de ser feito porque as provas das dietas (o conteúdo estomacal) raramente são preservadas, limitando-se a alguns resquícios de sementes e galhos encontrados nas entranhas, mas jamas provas conclusivas, como plantas reais.
No caso da presente experiência, uma tumba enlameada e rochas oceânicas encapsularam o animal tão bem, que foi possível recuperar a dieta do dinossauro retirando-a diretamente do seu estômago, e descobrindo seus (exigentes) hábitos alimentares.
Fonte: Caleb Brown/Brandon University-Reprodução
Um dos autores do estudo, David R. Greenwood, biólogo da Universidade de Brandon no Canadá, afirmou que "os fragmentos de folhas e outros fósseis de plantas foram preservados até as células".
O nodossauro, espécime característica do período chamado Cretáceo Precoce, foi encontrado em 2011 por mineradores que trabalhavam na região de Alberta, no norte do Canadá, próximo à localidade de Fort McMurray.
Tudo indica que, após sua última refeição, os restos do dinossauro foram parar num antigo mar, fixando-se de costas no fundo lamacento de uma caverna, onde permaneceu intacto até nove anos atrás.
Quando vivo, esse animal, que também pode ser classificado como um anquilossauro, pesava mais de uma tonelada, e, do fragmento recuperado do seu estômago (do tamanho de uma bola de futebol), descobriu-se que ele tinha uma predileção por samambaias.
Fonte: Royal Tyrrell Museum of Paleontology/Reprodução
A análise do conteúdo estomacal do dinossauro revelou que esse animal tinha preferência alimentar pelas folhas de uma determinada espécie de samambaia da subclasse Polypodiidae que compunha 88% do material encontrado.
Os elementos restantes eram sementes, pedaços de troncos e galhos de diferentes plantas, exceto de coníferas das quais ele não parecia ser muito fã.
Terminada a pesquisa, uma questão permaneceu em aberto: como é que animais dessa espécie foram capazes de sobreviver e atingir suas formas tão gigantescas submetendo-se a uma dieta com alimentos de tão baixo teor calórico?