Artes/cultura
10/06/2020 às 13:30•3 min de leitura
Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que a incidência de transmissão de covid-19 por pacientes assintomáticos é quase inexistente. A informação pegou muita gente de surpresa e chegou a confundir pessoas do mundo todo. Depois, a entidade reformulou a declaração, alegando que a má interpretação poderia gerar um relaxamento nos cuidados necessários para evitar a propagação.
Afinal, pacientes assintomáticos transmitem o novo coronavírus? A resposta é "sim, transmitem", e a questão é mais complicada do que parece.
Segundo Monica Gandhi, pesquisadora da Divisão de HIV, Doenças Infecciosas e Medicina Global da Universidade da Califórnia, o que ocorreu foi, na verdade, o início de uma discussão sem respostas. Ainda não existem dados suficientes para determinar a taxa de transmissão desses indivíduos, o que os isenta, estatisticamente, de serem os maiores responsáveis pela manutenção da pandemia.
O problema principal é que, em uma época de tantas incertezas, abrir tal consideração ao público acabou fazendo com que algumas pessoas entendessem a informação como uma sugestão para deixarem de lado as medidas preventivas, acreditando que poderiam parar de usar máscaras ou descartar o distanciamento social — que, comprovadamente, são ações eficazes para a contenção da doença.
Apesar dos avanços, pouco se sabe sobre a covid-19.
Há muito o que se descobrir sobre a condição, entretanto uma coisa é certa: não há como saber quem está infectado com o novo coronavírus só de olhar para a pessoa, a não ser que ela esteja internada e tenha sido diagnosticada. Portanto, ao andar na rua, por exemplo, é possível ter contato com aqueles que apresentam sintomas e desconhecem estar infectados, aqueles que ainda vão manifestar os sinais e se encontram na fase pré-sintomática (contaminando tanto quanto os que já manifestam) e aqueles que não apresentam coisa alguma (e que, ainda assim, transmitem).
Outro dado alarmante é que a taxa de infecções continua crescendo no mundo todo, com mais de 7,3 milhões de casos e mais de 414 mil mortes registradas. Uma ação de ampla testagem em São Francisco, nos Estados Unidos, revelou que cerca de 50% dos contaminados eram assintomáticos.
Maria Van Kerkhove, representante da OMS, explica: "Sabemos que algumas pessoas que são assintomáticas ou que não apresentam sintomas podem transmitir o vírus. O que precisamos entender melhor é quantos indivíduos na população não apresentam sintomas e, separadamente, quantos desses passam a transmitir a outras pessoas".
Medidas de prevenção comprovadamente eficazes são o melhor caminho.
De forma geral, o mundo continua com as mesmas ferramentas de combate do início da pandemia. Distanciamento social sempre que possível, uso de máscaras e higienização constante são as armas mais eficazes no momento, uma vez que tratamentos e vacinas continuam apenas em fases experimentais.
Enquanto se sabe tão pouco sobre a covid-19 e as fatalidades não param de crescer, sobrecarregando sistemas de saúde e impedindo, inclusive, atendimentos de outras naturezas, o melhor mesmo é não se contaminar. Afinal, mesmo com outras condições mais presentes em nosso dia a dia, ficar doente não é exatamente uma boa opção para ninguém.
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Afinal, pacientes assintomáticos transmitem o novo coronavírus? via TecMundo