Artes/cultura
18/06/2020 às 04:00•2 min de leitura
Atualmente, o tratamento de pacientes epilépticos é visto com muita cautela pela comunidade médica, já que a impossibilidade de prever, em muitas casos, sua ocorrência, além da discriminação das causas, torna a avaliação ainda mais delicada e sutil mesmo para especialistas da área. Com sintomas irregulares que podem surgir poucos instantes ou, até mesmo, semanas antes de uma crise, a necessidade de investir em estudos e pesquisas surge como algo imprescindível para o combate à epilepsia.
Cientistas e pesquisadores do Centro de Neurociência de Sistemas da Universidade de Boston e do Hospital Geral de Massachusetts, então, iniciaram um estudo alternativo aos medicamentos, já que cerca de um terço dos pacientes não respondem com eficácia à utilização de remédios, e à cirurgia de resseção, que consiste na remoção de uma seção do tecido cerebral para corrigir as convulsões.
(Fonte: Epilepsy Foundation Ohio/Reprodução)
O novo projeto de combate à crise epiléptica tem como base a análise e o conhecimento do funcionamento da rede cerebral humana, onde todos os dados de conexões e mapeamento da atividade neurológica serão extraídos para facilitar o entendimento das áreas do cérebro e o comportamento de como suas comunicações são estabelecidas, assim como ocorre seu trabalho coletivo na determinação e no padrão das crises epilépticas.
Diversos pesquisadores das áreas clínicas e da análise de dados se uniram, então, para tentar desmembrar as informações retidas no cérebro através da utilização de eletrodos, processo realizado em procedimentos pré-cirúrgicos de resseção, quando cerca de 80 eletrodos são instalados no cérebro do paciente para detectar o comportamento cerebral local.
“Criamos uma metodologia que nos ajudou a extrair o que chamamos de 'comunidades dinâmicas' desses dados”, disse Eric Kolaczyk, diretor do Rafik B. Hariri Instituto de Computação e Ciência e Engenharia da Computação. “Isso, por sua vez, permite visualizar e analisar como essas redes mudam ao longo do tempo. A epilepsia é tradicionalmente considerada um evento em que o cérebro trava e todas as regiões estão trabalhando juntas. Descobrimos que há um processo mais matizado.”
(Fonte: University of California San Francisco
Dessa forma, cada eletrodo é responsável por mapear a região cerebral a qual está relacionado, podendo rastrear padrões de comunicação através de um algoritmo especializado, em uma tarefa complexa de mapeamento onde sequências de até 80.000 redes podem ser encontradas em 24 horas de exames.
A "comunidade dinâmica", então, poderá surgir como um dos grandes determinantes para o tratamento de crises epilépticas e para sua consequente prevenção.