Ciência
09/07/2020 às 08:30•2 min de leitura
Você está acompanhando o estrago que o Sars-CoV-2, o novo coronavírus, vem causando? Além de caos econômico e tensões políticas, segundo os levantamentos da Organização Mundial da Saúde (OMS), já são mais de 11,5 milhões de infectados e 535 mil vítimas no mundo, tudo provocado por um agente infeccioso para o qual os humanos não têm imunidade e que, para aqueles com comorbidades ou certos fatores de risco, pode ser letal.
Agora imagine o que poderia acontecer se um patógeno de dezenas de milhares — ou até milhões — de anos atrás voltasse a se tornar ativo e contaminasse a humanidade. Pode parecer uma hipótese maluca, mas, conforme apontam diversos estudos, não é impossível que organismos que viveram há muito, muito tempo voltem a se tornar viáveis. Como?
Existem micróbios de milhares de anos que permanecem encapsulados no gelo de regiões polares, tanto que muitos exemplares já foram descobertos e coletados por cientistas. Entretanto, devido às mudanças climáticas e ao aquecimento global, algumas partes desses territórios gelados estão derretendo, e os especialistas temem que organismos do passado possam ser liberados.
Rápido degelo.
No Ártico, uma das regiões geladas da Terra que mais vêm sofrendo com as variações climáticas nas últimas décadas, há locais registrando temperaturas recorde neste ano e experimentando um degelo mais acelerado do que o esperado. Esse é o caso de áreas da Sibéria cobertas por permafrost, um tipo de solo que, como o próprio nome sugere, deveria estar permanentemente congelado.
Na realidade, pesquisadores já coletaram amostras de microrganismos com dezenas de milhares de anos que, após serem processadas em laboratório, ainda estavam viáveis mesmo depois de permanecerem esse tempo todo congeladas. Portanto, quem garante que um vírus ou bactéria com o qual jamais tivemos contato e que seja potencialmente mortal não despertará de sua hibernação?
No caso de bactérias, considerando que algum exemplar volte a "acordar" e ser funcional, se algum humano tiver o azar de se contaminar, as chances de que o uso de antibióticos e outros fármacos seja eficaz para combater possíveis infecções são bastante grandes. Os vírus, no entanto, provavelmente dariam mais trabalho.
Melhor frearmos isso.
Segundo virologistas, enquanto os vírus que carregam RNA como material genético são menos resistentes e mais suscetíveis a sofrer danos com o passar do tempo e quando são expostos a condições extremas, os agentes que carregam DNA são bastante mais resilientes e capazes de suportar longos períodos em ambientes hostis.
Para se ter ideia do que estamos falando, os patógenos da primeira classe incluem vírus como o coronavírus e o influenza, que causou a pandemia de Gripe Espanhola. Os agentes da segunda classe incluem vírus como o responsável pela varíola, doença que, antes de ser erradicada, tinha índice de mortalidade de 30% e provocou a morte de um número estimado entre 300 milhões e meio bilhão de pessoas só no século 20. É melhor não deixar que patógenos como esses descongelem e voltem para assombrar a humanidade.
Vírus de milhares de anos poderiam “ressuscitar” e infectar humanos? via TecMundo