Ciência
10/07/2020 às 12:00•2 min de leitura
Quando crescerem, as gêmeas Ervina e Prefina poderão dizer que sempre foram muito unidas. As duas nasceram literalmente grudadas pelo crânio e esse fenômeno é considerado um dos mais raros e complexos na literatura médica. Essa fusão craniana, também conhecida como craniópago total posterior, teve seu fim por conta de uma operação bem-sucedida que as separou, na Itália.
(Ospedale Pediatrico Bambino Gesù/Reprodução)
As meninas nasceram em um pequeno vilarejo distante em cerca de 100 quilômetros de Bangui, capital da República Centro-Africana. Há dois anos, a médica Mariella Enoc, presidente do hospital no qual as gêmeas foram submetidas à cirurgia, estava em uma missão no país quando as encontrou e descobriu sua particularidade.
A delicada e importante cirurgia de separação dos crânios levou cerca de 18 horas para ser concluída. A equipe contou com mais de 30 médicos e enfermeiros do Ospedale Pediatrico Bambino Gesù ("Hospital Pediátrico do Menino Jesus" em português), localizado em Roma. As gêmeas foram internadas no dia 5 de junho, mas só agora, depois de um mês, é que os médicos se pronunciaram sobre o sucesso da operação. Segundo eles, as meninas estão se recuperando muito bem.
De acordo com os especialistas, essa é a primeira operação específica realizada até os dias atuais, já que não há registros na literatura médica que garantam a realização de uma outra cirurgia do tipo. Na realidade, esse foi o terceiro procedimento em questão para que as gêmeas pudessem ser separadas. A complexidade das ações dos médicos precisou ser extremamente bem planejada, já que duas equipes diferentes, que atuaram em duas salas de operação, precisaram reconstruir a membrana que reveste o cérebro de cada gêmea.
(Ospedale Pediatrico Bambino Gesù/Reprodução)
"Foi um momento emocionante, uma experiência fantástica e irrepetível", contou Carlo Marras, chefe de Neurocirurgia do Hospital, por meio de uma entrevista coletiva. “Tínhamos um objetivo muito ambicioso e fizemos todo o possível para alcançá-lo, com paixão, otimismo e alegria. Compartilhando cada etapa, estudando todos os detalhes juntos”, acrescentou.
As meninas estavam completamente entrelaçadas, já que, além do crânio, compartilhavam várias redes de seus vasos sanguíneos. De acordo com o que os especialistas divulgaram, durante a cirurgia, para deixar tudo ainda mais complexo, o coração de uma das meninas bateu mais forte do que a outra, criando uma diferença relativa entre a pressão arterial das duas.
Contudo, por conta da excelente saúde de Prefina e Ervina, nada poderia complicar o quadro clínico delas. “Minhas pequenas agora podem crescer, estudar e se tornar médicas para salvar outras crianças”, disse Ermine, a mãe das meninas, empolgada.