Ciência
20/07/2020 às 10:02•2 min de leitura
Um estudo publicado na Biological Reviews por cientistas da Universidade Curtin, na Austrália, apontou novas descobertas sobre o crescimento caudal de lagartos após a perda do rabo, com algumas espécies passando a sofrer multiplicidade no processo regenerativo. Conhecidos por desacoplarem suas extensões corporais como mecanismo de defesa, a anormalidade aponta para uma adaptação prejudicial ao estilo de vida da criatura.
A pesquisa, que utilizou como base a observação de 425 casos distribuídos em 63 países, buscou inspirações metodológicas em um projeto lançado em 2015 pelo Instituto de Diversidade e Ecologia Animal e o Centro de Zoologia Aplicada, na Argentina. Segundo o trabalho, um tegu-argentino, ou lagarto-marau, da espécie Salvator merianae, chegou a apresentar impressionantes seis caudas distintas após perder a original.
(Fonte: Ecológica Montenegrina/Reprodução)
O ato de desacoplar o rabo, então, continua sendo um funcional mecanismo de defesa de lagartos para evitar a aproximação de predadores. Durante a perseguição, os répteis acabam deixando essa parte para trás e utilizando-a como isca para atrasar seus perseguidores enquanto buscam rotas de fuga, mas as consequências de uma possível regeneração múltipla pode trazer prejuízos irreparáveis para a mobilidade do animal.
Segundo Bill Bateman, co-autor do estudo, professor, biólogo e ecologista da Universidade de Curtin, a regeneração múltipla das caudas pode chegar a ocorrer em 3% dos lagartos de todo o planeta. Tido como um índice "surpreendentemente alto", o número preocupa especialmente pela implicação do crescimento nas futuras gerações dos répteis, que podem sofrer com o aumento da massa corporal.
(Fonte: Universidade de Curtin/Reprodução)
“Trocar um rabo para escapar de um predador e depois regenerá-lo parece uma boa tática; no entanto, quando essa regeneração dá errado e resulta em várias caudas anormais, é provável que isso tenha um efeito sobre o lagarto ”, disse Bateman, em comunicado publicado no portal da universidade. “Por exemplo, duas caudas poderiam afetar sua capacidade de encontrar um parceiro e, portanto, reduzir as oportunidades de reprodução? Ou, pelo contrário, poderia ser potencialmente benéfico?".
Os pesquisadores esperam que os próximos passos sejam análises comportamentais e de habitat dos animais, a fim de verificar na prática como se dá a relevância social da regeneração múltipla.