Artes/cultura
30/07/2020 às 05:00•2 min de leitura
Um novo estudo internacional, que compartilhou seus resultados recentemente, aponta que o novo coronavírus esteve circulando em morcegos durante décadas sem que ninguém soubesse. Os morcegos do tipo ferradura seriam a origem mais plausível para o patógeno Sars-CoV-2. A pesquisa foi liderada por Maciej Boni, do Centro de Dinâmica de Doenças Infecciosas da Universidade Estadual da Pensilvânia. O artigo final foi publicado pelo periódico Nature Microbiology, na terça-feira (28).
(Unsplash/Reprodução)
A ideia inicial da equipe, formada por pesquisadores chineses, europeus e norte-americanos, era investigar a origem evolutiva do vírus. Contudo, além de descobrir a presença do patógeno em morcegos há muito tempo, também encontraram outros vírus que são capazes de infectar seres humanos. "Os coronavírus têm material genético altamente recombinante, isso significa que diferentes regiões do genoma do vírus podem ser derivadas de várias fontes", disse Maciej Boni.
"Isso dificultou a reconstrução das origens do Sars-CoV-2. Você precisa identificar todas as regiões que foram recombinadas e rastrear suas histórias. Para isso, reunimos uma equipe diversificada com experiência em recombinação, datação filogenética, vírus, amostragem e evolução molecular e viral", completou ele.
Investigando a origem do vírus, é possível fazer com que autoridades da Saúde consigam se preparar para evitar futuras crises. Sendo assim, para a realização do estudo, a equipe recorreu a três abordagens diferentes do campo da bioinformática para identificar e remover as regiões recombinantes no genoma do Sars-CoV-2.
(Unsplash/Reprodução)
Dessa forma, foram capazes de reconstruir histórias filogenéticas para as regiões não recombinantes e realizaram uma comparação entre elas para verificar quais vírus estavam envolvidos em uma suposta recombinação no passado. Os pesquisadores descobriram que uma das características mais antigas que o patógeno do coronavírus compartilha com seus parentes é o domínio de ligação ao receptor que permite ao vírus se ligar nas superfícies das células humanas.
"Isso significa que outros vírus capazes de infectar seres humanos estão circulando em morcegos-ferradura na China", afirmou David L. Robertson, professor de Virologia Computacional do Centro de Pesquisa de Vírus da Universidade de Glasgow, por meio de um comunicado.
Ao final, a equipe conseguiu concluir que a prevenção a novas pandemias no futuro poderá exigir um estudo mais aprofundado em morcegos selvagens, contando também com a implementação de sistemas de vigilância de doenças humanas. De acordo com os cientistas, esses sistemas precisam ser capazes de identificar novos patógenos nas pessoas quase que instantaneamente.