Artes/cultura
11/08/2020 às 13:00•2 min de leitura
A NASA divulgou recentemente imagens da gelada ilha Ellesmere, na divisa do Canadá com a Groenlândia, mostrando que duas imensas calotas polares que ficavam na Baía de São Patrício desapareceram literalmente do mapa.
As novas imagens de satélite, mostrando os picos áridos do Platô Hazen, foram obtidas através do ASTER (sigla em inglês para Radiômetro Avançado de Emissão Térmica e Reflexão), dispositivo de sensoriamento remoto que, a bordo do satélite Terra da NASA, tem coletado informações do planeta desde o início do ano 2000.
As observações são compatíveis com as alterações climáticas verificadas na Groenlândia, onde a perda de gelo aumentou seis vezes nos últimos 30 anos. As novas características glaciais do Ártico, que está esquentando em taxas que são quase o dobro do resto do mundo, certamente "mataram" as duas calotas.
As calotas são os dois pequenos círculos azuis à direita (Fonte: Bruce Raup/NSIDC - Reprodução)
No entanto, mesmo que tenha sido um fenômeno meio que esperado, os glaciologistas que têm estudado essas formações geladas por anos estão assustados com a rapidez com a qual cada calota polar simplesmente derreteu.
Um desses observadores, o diretor do National Snow and Ice Data Center (NSIDC), no Colorado, Mark Serreze registrou: "Quando visitei essas calotas polares pela primeira vez, elas pareciam um elemento permanente da paisagem. Vê-las morrer em menos de 40 anos me surpreende."
Mark Serreze em 1982 (Fonte: Ray Bradley via NSIDC - Reprodução)
Calotas polares são formadas por diversas camadas de gelo acumuladas sobre a terra firme que se mantêm em estado sólido nos polos, cobrindo uma área de cerca de 50 mil quilômetros quadrados conforme dados do NSIDC. Essas massas de gelo contam com milhões de toneladas e foram formadas há milhares de anos.
A perda das calotas polares da Terra não apenas contribui para a elevação do nível dos oceanos, mas também diminui a quantidade de superfícies brancas reflexivas do planeta. Isso implica em maior absorção de calor, gerando um círculo vicioso. Sem contar que as calotas são território de sobrevivência de milhares de espécies.
Os primeiros registros da extensão das duas calotas, feitos em 1959, registraram 7,5 e 3 quilômetros quadrados. Numa medição em 2017, Serreze apurou que as calotas haviam encolhido para 5% dos seus tamanhos e previu seu desaparecimento completo em 2022. Infelizmente, a triste previsão ocorreu dois anos antes.