Artes/cultura
08/09/2020 às 13:00•2 min de leitura
No final do último mês de agosto, estudiosos das antigas ruínas de Jabal Maragha, no Sudão, relataram que o sítio arqueológico foi invadido e saqueado por um grupo de garimpeiros ilegais que realizaram operações de escavação para terem acesso ao conjunto de tesouros que se escondem no deserto de Bayouda, a cerca de 270 quilômetros da capital Cartum.
O sítio arqueológico de quase 2 mil anos foi encontrado deteriorado, com uma enorme vala de 17 metros de profundidade e quase 20 metros de comprimento. Juntamente ao buraco, foram identificados cinco homens operando no local, controlando duas escavadeiras mecânicas de alta performance. O resultado foi um acentuado desgaste em um território histórico que estava sendo estudado desde 1999 pelos peritos sudaneses.
(Fonte: AFP/Reprodução)
“Trabalhamos neste local por um mês”, disse o arqueólogo Habab Idriss Ahmed, primeiro pesquisador a trabalhar em Jabal Maragha. “Na época, era um local tranquilo e bonito, nunca tocado por ninguém. Mas hoje, quando vim aqui, fiquei chocado com a forma como foi destruída.”
(Fonte: AFP/Reprodução)
Imediatamente, os arqueólogos alertaram a polícia sobre a invasão em Jabal Maragha. Infelizmente, ao serem levados para a delegacia, os saqueadores foram soltos e escaparam de cumprir pena por suas atividades ilegais. “Eles deveriam ter sido colocados na prisão e suas máquinas confiscadas”, relatou o especialista em antiguidades Mahmoud al-Tayeb. “Existem leis.”
Segundo Hatem al-Nour, diretor de antiguidades e museus do Sudão, "de mais ou menos mil locais conhecidos no Sudão, pelo menos cem foram destruídos ou danificados". Como resultado da falta de segurança e incentivo por parte de autoridades e empresários ligado aos ramos de riquezas minerais, os arqueólogos sudaneses passam a ter prejuízos que nem sequer o dinheiro do ouro cobre, tanto pelos custos de retomada das pesquisas quanto pela perda de patrimônio histórico.
(Fonte: AFP/Reprodução)
Atualmente, o Sudão é o terceiro maior produtor de ouro da África, chegando a gerar uma receita de US$ 1,2 bilhão para o governo. O preço de tal reconhecimento encarece à medida que saqueadores e financiadores de escavações ilegais são atraídos pelo material escondido nas ruínas, contribuindo com uma prática que vem se acentuando nos últimos anos.