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13/09/2020 às 03:00•2 min de leitura
A cenoura é uma raiz cheia de nutrientes e que pode trazer muitos benefícios para a saúde, sendo muito famosa por fazer bem para a visão e evitar o envelhecimento precoce. Mas vocês sabiam que existe um mito que afirma que a cor alaranjada deste vegetal foi uma homenagem a família real holandesa?
Segundo a tal história, o legume teria recebido a coloração laranja como uma homenagem a Guilherme III, o Príncipe de Orange, um dos líderes da Revolta Holandesa, movimento que durou 80 anos e culminou na independência da região dos Países Baixos, anteriormente uma colônia espanhola.
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
Este conto afirma que os fazendeiros da época passaram a desenvolver uma variedade de cenouras laranjas como um sinal de respeito ao monarca (cujo o título significa laranja), mas por mais que pareça uma origem muito legal, não é verdadeira.
“Embora o desenvolvimento e a estabilização da raiz da cenoura laranja pareçam datar desse período na Holanda, é improvável que homenagear Guilherme de Orange tenha algo a ver com isso. Não há nenhuma evidência documental de que os holandeses inventaram as cenouras alaranjadas para homenagear sua família real”, explicou John Stolarczyk, curador do Museu Mundial da Cenoura (aposto que vocês não sabiam que esse museu existia, né?).
(Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Para começar a entender melhor o tal mito, primeiro é preciso lembrar que as cenouras silvestres eram brancas ou amarelas claras, e que passaram a mudar para tonalidades roxas e amarelas mais vibrantes após serem “domesticadas” há quase 5 mil anos. As áreas de plantio iniciais se dividem em duas localidades principais: ao redor do Himalaia e em grande parte do que hoje seria Oriente Médio e a Turquia.
O vegetal laranja como conhecemos hoje provavelmente foi uma mutação do segundo local, sendo introduzido na Europa através de comerciantes islâmicos que viajavam entre o Império Otomano, no norte da África, e a Península Ibérica, isso a 200 anos antes do Príncipe de Orange participar do movimento político.
Mesmo sendo introduzida na Europa pelos islâmicos, foram os holandeses que espalharam a popularidade da cenoura laranja, pois eram uma das principais forças agrícolas do continente e tinham o conhecimento necessário para cultivar o vegetal em grandes quantidades.
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
“A variedade laranja cresceu muito bem em climas e ambientes [holandeses], melhor do que a roxa e amarela, e eram mais rentáveis, estáveis, uniformes e confiáveis. Lugares como França, Alemanha e Inglaterra receberam primeiro as cenouras laranja, provavelmente gostaram delas e elas se tornaram o padrão”, afirmou Stolarczyk.
O curador também explicou que o legume laranja chegou até mesmo a ser usada pelo governo holandês para reforçar a cor vibrante de sua nação, o que poderia ser uma explicação para o suposto mito envolvendo Guilherme III. Mas ele também reforçou que “as cenouras alaranjadas nunca foram desenvolvidas exclusivamente para homenagear a família real. Não importa quantas vezes os holandeses repitam esse mito”.
Mesmo assim, quem diria que esta raiz seria tão importante para uma nação, não é mesmo?