Ciência
30/09/2020 às 04:00•2 min de leitura
Durante uma expedição ao deserto de Lute, conhecido como o segundo maior deserto do Irã e o local mais quente do planeta, estudiosos identificaram uma nova espécie do exótico camarão-fada vivendo sob as circunstâncias extremamente áridas do local. Batizado de Phallocryptus fahimii, o animal entra para a seleta lista das únicas cinco espécies registradas do gênero Phallocryptus.
A descoberta foi realizada pelo Dr. Hossein Rajaei, Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, e pelo Dr. Alexander V. Rudov, da Universidade de Teerã, após iniciarem uma viagem para o Deserto de Lute com o objetivo de compreender a ecologia, biodiversidade, geomorfologia e paleontologia do deserto mais quente da Terra.
Segundo os especialistas, o Phallocryptus fahimii foi encontrado em um lago do tamanho de duas piscinas junto a diversos ovos de crustáceos espalhados. Podendo levar décadas para entrarem em estado de amadurecimento, os ovos foram transportados para serem estudados após uma expedição em 2017, porém sua adaptação a climas áridos dificultou o nascimento dos camarões-fada.
“Esses crustáceos são capazes de sobreviver por décadas nos sedimentos secos e eclodirão na próxima estação chuvosa, quando o habitat aquático se reabastecer. Eles estão perfeitamente adaptados para viver em ambientes desérticos. Sua capacidade de sobreviver até mesmo no deserto de Lute destaca sua resiliência”, comentou o Dr. Martin Schwentner, do Museu de História Natural de Viena e um dos coautores do projeto.
O nome Phallocryptus fahimii foi dado em homenagem ao biólogo conservacionista iraniano Hadi Fahimi, que havia participado da viagem ao deserto em 2017, mas faleceu em um acidente de avião no ano seguinte.
Também conhecido como “o deserto do vazio”, devido a crenças sobre a inexistência de vida em condições climáticas extremas, o Deserto de Lute é o segundo maior deserto do Irã e o 25º maior do planeta Terra. Localizado em latitude média, como o Saara, o deserto de sal possui condições atmosféricas únicas que impedem precipitações regulares, impactando no desenvolvimento da biodiversidade local.
Sua temperatura de solo já foi registrada como a mais quente do mundo, indicando medidas que alcançaram um máximo de 70,7 °C. Atualmente é considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO por ser “um grande exemplo de processos geológicos constantes.”