Ciência
08/10/2020 às 06:00•2 min de leitura
A explosão na região do porto de Beirute, ocorrida em agosto, deixando centenas de mortos, milhares de feridos e um enorme estrago na capital do Líbano, foi uma das maiores explosões não nucleares já registradas. É o que revela o estudo feito por engenheiros da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, publicada na revista Shock Waves, em 22 de setembro.
Para chegar à conclusão, eles analisaram vídeos do desastre compartilhados nas redes sociais. Foram usadas 16 gravações, feitas em diferentes pontos ao redor do porto, revelando uma visão desobstruída do evento e as suas consequências.
Em seguida, eles coletaram 38 pontos de dados das filmagens. Isso permitiu identificar, por exemplo, a chegada da onda da explosão, com base nos sons registrados pelos celulares e câmeras, e o tamanho da bola de fogo, por meio de uma análise detalhada, quadro a quadro.
Com essas evidências em mãos, os engenheiros foram capazes de fazer um cálculo estimado da força da detonação, causada pelo aquecimento de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio, material altamente inflamável e que estava armazenado na região do porto.
De acordo com o estudo, a explosão na capital libanesa foi equivalente à detonação de 550 a 1,1 mil toneladas de trinitrotolueno (TNT). Essa quantidade representa 5% da força da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos em Hiroshima, em 1945.
A pesquisa também calculou que o desastre liberou, em questão de milissegundos, cerca de 1 GWh de energia. Essa quantidade é a mesma produzida em uma hora por 400 turbinas eólicas ou 3 milhões de painéis solares, sendo suficiente para abastecer mais de 100 casas durante um ano.
“O desastre que atingiu Beirute neste verão foi devastador e esperamos que nada parecido volte a acontecer”, comentou o professor de Engenharia de Explosão e Impacto da Universidade de Sheffield Sam Rigby.
A expectativa dos pesquisadores é que os dados da pesquisa sejam usados no planejamento de resposta a emergências futuras, ajudando a prever danos estruturais em edifícios e os tipos de lesões provocadas a diferentes distâncias do ponto zero.