Artes/cultura
11/10/2020 às 08:00•2 min de leitura
Desde os primeiros dias de outubro, milhares de corpos de animais marinhos têm aparecido misteriosamente na península de Kamchatka, uma região remota da Rússia, intrigando os moradores. As águas cristalinas do local também mudaram suas características, passando a apresentar cor e cheiro estranhos.
O que aconteceu nas águas ainda é um mistério, já que as autoridades locais iniciaram as investigações recentemente. Mas de acordo com o Instituto de Geografia do Pacífico, os animais foram vítimas de uma contaminação por produtos químicos, gerada por algum evento de poluição não identificado.
Na última segunda-feira (5), pesquisadores mergulharam na região da Baía de Avacha e encontraram uma situação crítica em áreas mais profundas. Segundo Ivan Usatov, pesquisador da reserva de Kronotsky e do Instituto de Geografia do Pacífico, 95% das criaturas que vivem em profundidades de 10 a 15 metros foram mortas.
“Alguns peixes grandes, camarões e caranguejos sobreviveram, mas em números muito pequenos”, contou Usatov. Ele afirmou ainda que aves e mamíferos marinhos não foram afetados pelo evento, que o Greenpeace classificou como um grande “desastre ecológico”.
Além do surgimento dos corpos dos animais mortos, moradores e pessoas que vão à península de Kamchatka para praticar surf também notaram que o mar estava diferente do que estavam acostumados.
Há diversos relatos de problemas de visão após o contato com a água, além das já citadas mudanças na cor e no odor. Diante disso, foram feitos testes com amostras que revelaram a presença de substâncias derivadas do petróleo, consideradas potencialmente perigosas e em níveis até quatro vezes acima do normal.
As análises também encontraram o dobro do nível esperado de fenóis, compostos orgânicos que podem causar irritação na garganta, olhos, nariz e pele, além de danos aos rins e fígados, dependendo da concentração. Suspeita-se que o material contaminante tenha vazado de contêineres de combustível de foguete, segundo o The Guardian.
Em meio a tantas dúvidas, o que se sabe no momento é que o desastre provavelmente terá consequências a longo prazo, afetando severamente a cadeia alimentar dessa região da Rússia.