Artes/cultura
14/10/2020 às 04:00•2 min de leitura
Segundo estudo publicado no Journal of Anatomy no início de agosto deste ano, uma pequena característica no nosso antebraço pode indicar que ainda nos encontramos em uma lenta e constante evolução. Isso acontece pelo aparecimento da artéria mediana nos braços de algumas pessoas de forma cada vez mais comum.
Anteriormente, a artéria mediana era o principal meio de transporte sanguíneo entre as estruturas do antebraço e da mão, conectando o nervo mediano cerebral à corrente de sangue, mas o desenvolvimento das artérias radial e ulnar praticamente levou esse canal a desaparecer no organismo, substituído pelos dois recém-formados. Porém, novos estudos sugerem que a mediana está voltando a aparecer de maneira cada vez mais frequente em indivíduos, já se formando em cerca de um terço da população.
“Desde o século XVIII, os anatomistas têm estudado a presença desta artéria em adultos e nossa análise mostra que esse número está claramente aumentando”, disse o autor do estudo, Dr. Teghan Lucas, da Universidade Flinders, Austrália. “A prevalência era de cerca de 10% nas pessoas nascidas em meados da década de 1880 contra 30% nas nascidas no final do século XX, então é um aumento significativo em um período bastante curto de tempo, no que diz respeito à evolução.”
O estudo foi realizado com base em 78 cadáveres enviados para análises laboratoriais, sendo todos nascidos no século XX e descendentes de europeus. Do total, em 26 corpos foi encontrada a terceira artéria, apontando para um mecanismo anatômico que pode estar deixando de se tornar uma característica minoritária.
“Esse aumento pode ser resultado de mutações de genes envolvidos no desenvolvimento da artéria mediana ou de problemas de saúde das mães durante a gravidez, ou ambos na verdade. Se essa tendência continuar, a maioria das pessoas terá a artéria mediana do antebraço em 2100”, concluiu Teghan Lucas.
O reaparecimento da artéria mediana pode indicar uma alteração benéfica no sistema circulatório sanguíneo, já que ele poderá trabalhar juntamente com as atuais estruturas para aumentar o fluxo de sangue para o braço. Além disso, acredita-se que ela poderá ser utilizada em processos cirúrgicos como repositório para vasos danificados no corpo, restabelecendo a comunicação entre tecidos.