Estilo de vida
14/12/2020 às 06:00•2 min de leitura
Uma pesquisa publicada na última quarta-feira (9) na revista científica Proceedings of The Royal Society B conseguiu comprovar uma das hipóteses mais controversas de Charles Darwin: a de que animais voadores renunciavam à capacidade de voar quando habitam ilhas, devido ao risco de serem lançados no mar pelo vento.
O diretor do Royal Botanical Gardens, Joseph Hooker, considerado o melhor amigo de Darwin e um dos primeiros defensores da evolução das espécies, rejeitava essa explicação, argumentando que também os continentes possuem insetos que não voam. A partir da polêmica, muitos biólogos passaram a se alinhar com as teorias de Hooker.
Observando que as ilhas do Oceano Antártico (SOI’s) são locais submetidos a fortes ventos durante o ano inteiro, a estudante de doutorado da Monash University, Rachel Leihy, elegeu o local como a paisagem perfeita para testar a controvérsia Darwin-Hooker. As ilhas são tão pequenas que os fortes ventos existentes nos oceanos austrais, chamados Roaring Forties (Quarenta Rangentes), não encontram nenhum obstáculo no relevo.
Os pesquisadores cruzaram inventários faunísticos abrangentes, informações morfológicas das espécies e variáveis ambientais de 28 SOI’s. O que se observou foi que a ausência de voo é excepcionalmente prevalente nas espécies de insetos insulares nativas (47%), percentual muito superior às espécies das ilhas árticas (8%), às introduzidas nas SOI’s (17%) e aos valores globais (5%).
Na pesquisa, Leihy relata que metade das espécies de insetos das ilhas pesquisadas não voa. “É extraordinário”, diz ela, encontrar “mariposas lá rastejando com asas pequenas demais para voar”. Além disso, a ausência de voo é mais comum nas ilhas onde a velocidade do vento é mais alta.
Quando Darwin apresentou sua teoria abrangente da evolução no século XIX, foi muito contestado, até que, gradualmente, suas teses foram se provando convincentes, embora outras tenham permanecido controversas. A conclusão desta pesquisa é um dos casos em que, após 161 anos do lançamento de “A Origem das Espécies”, a ciência autentica uma das teorias darwinistas.