Artes/cultura
19/12/2020 às 05:00•2 min de leitura
Novas pesquisas do Departamento de Ciências Biológicas do Wellesley College em Massachusetts, Estados Unidos, apontam um novo comportamento de defesa das abelhas-melíferas-asiáticas (Apis cerana) no combate a ataques de grupos de vespas assassinas.
Segundo um estudo publicado em 9 de dezembro na revista PLOS One, as presas cercam as entradas de colmeias com fezes de outros animais, criando uma barreira que impede a invasão de predadores.
Historicamente, espécies de vespas-mandarinas são predadores vorazes destas abelhas, investindo em equipe contra colmeias. Normalmente, as vespas gigantes realizam caças de forma individual, mas no final de sua temporada de reprodução — quando a ninhada é numerosa e há a necessidade de aumentar a quantidade de alimentos — os insetos passam a se unir em pequenas hordas, tornando o ataque mais rápido e violento.
Porém, as defesas das abelhas ganharam novos contornos. Sob uma tremenda pressão dos invasores estrangeiros, as abelhas-melíferas tiveram que elaborar estratégias mais eficazes que não tivessem, como base, o uso de plantas.
Foi então que passaram a coletar fezes animais e colocá-las ao redor das entradas das colmeias. “Esta defesa de esterco é bastante sofisticada; são necessários vários trabalhadores para executá-la”, disse Heather Mattila, autora principal do projeto.
Até o momento, a ciência conhece alguns sistemas de proteção das abelhas, como o assobio, o balançar do abdômen ou um ataque direto que sufoca o inimigo ou aumenta o calor corporal a ponto de causar morte instantânea. Contudo, a segurança baseada nas barreiras de cocô foi observada de forma inédita, adicionando mais um capítulo interessante sobre os mecanismos funcionais de proteção dos insetos.
A observação de apiários em 67 fazendas no Vietnã mostrou que cerca de 94% das colmeias apresentavam as portas de cocô. De acordo com os pesquisadores, as abelhas coletavam resíduos de galinheiros e de esterco de mamíferos, levantando muros sólidos que cansavam as vespas após inúmeras tentativas de escavação.
Aparentemente, a presença das fezes libera uma substância química desagradável para os invasores, escondendo os traços das marcas deixadas por vespas e afastando-as da colmeia protegida. “Ainda temos muitas ideias para explorar – é uma grande questão em aberto agora”, concluiu Mattila.