Ciência
11/02/2021 às 03:00•3 min de leitura
Dia 11 de fevereiro é o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A data comemorativa foi instituída em 2016 pela Unesco com o objetivo de promover o debate, análises e ações voltadas ao aumento da presença feminina na ciência e tecnologia em todos os níveis da carreira. O foco são as ciências exatas e engenharias nas quais a presença feminina é menor.
Mesmo as mulheres que sobressaíram nessas áreas receberam pouco destaque na divulgação dos seus trabalhos, criando no imaginário popular a noção de que elas não participam da área científica. Para comemorar este Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, fizemos uma lista de mulheres marcantes nesses saberes.
Maria Winkelmann foi uma astrônoma alemã pioneira. Em 1702, ela se tornou a primeira mulher a descobrir um novo cometa, mas a descoberta foi publicada pelo seu marido Gottfried Kirch no nome dele. Anos mais tarde, já viúva, ensinava Astronomia para seu filho, quando foi aposentada compulsoriamente pelos membros da Academia de Ciências de Berlim por ter assumido “um papel proeminente”.
Primeira mulher e primeira afro-americana a receber um mestrado na Universidade do Havaí, Alice Ball desenvolveu um tratamento inovador para a hanseníase, mas morreu jovem, antes de publicar sua pesquisa que salvou inúmeras vidas. Somente neste ano seu trabalho foi reconhecido, e criado o Dia de Alice Ball (29 de fevereiro).
A polonesa Marie Curie foi pioneira nos estudos da radioatividade, chegando a adoecer por se expor à radiação. Depois de descobrir os elementos polônio e rádio, tornou-se a primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel, e também a primeira pessoa no mundo a conquistá-lo duas vezes, e em diferentes áreas do conhecimento, Física e Química.
Grande parte do conhecimento científico utilizado hoje no combate à pandemia do coronavírus teve início com a química e pesquisadora britânica Rosalind Franklin, primeira pessoa a entender a estrutura molecular do DNA. Porém, o Prêmio Nobel de Medicina de 1962, concedido aos cientistas Watson, Wilkins e Crick pela descoberta da dupla hélice, ignorou completamente Rosalind, falecida quatro anos antes.
Quando o alemão Otto Hahn ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1944, seu discurso mal mencionava o papel fundamental de sua parceira Lise Meitner na descoberta da fissão nuclear. Por ser mulher e judia, a física não teve seu trabalho reconhecido, sendo posteriormente chamada a participar do fatídico Projeto Manhattan, mas recusou-se por não aceitar que sua criação fosse usada para construir uma bomba atômica.
Grace Hopper é uma das primeiras programadoras da era da computação moderna. Fez carreira na Marinha Americana e participou da criação do primeiro computador (UNIVAC) e da linguagem COBOL. Ao desmontar um enorme computador para procurar um defeito, achou uma mariposa morta, cunhando o termo “bug”.
A história da matemática, física e cientista espacial norte-americana Katherine Johnson inspirou o filme Estrelas Além do Tempo de 2017. Como no nome original da obra, Katherine foi uma “figura escondida” pelo fato de ser mulher na ciência e negra. Durante seus 33 anos de NASA foi líder de cálculos e até “computador humano” quando necessário para as missões espaciais.
A física chinesa Chien-Shiung Wu ficou famosa por contestar um princípio da Física conhecido como “conservação de paridade”. A descoberta resultou num Prêmio Nobel em 1957, concedido apenas aos seus colegas de pesquisa Tsung-Dao Lee e Chen-Ning Yang. O livro de Chien-Shiung, Beta Decay, é considerado a “bíblia” da física nuclear.
Sally Ride foi a primeira norte-americana e a terceira mulher a deixar a atmosfera terrestre (após as russas Valentina Tereshkova e Svetlana Savitskaya). Usou sua experiência como astronauta para atuar como CAPCOM (controladora terrestre) da segunda e terceira missões do ônibus espacial, e ajudou a desenvolver o famoso braço robótico do espaço de carga.
E para que a lista não fique com cara de enciclopédia, vamos lembrar que temos, sim, meninas cientistas. E brasileiras. A gaúcha Isabela Dadda desenvolveu um larvicida natural contra o Aedes aegypti. A paraense Francielly Barbosa inventou um processo de usar sementes de açaí para fazer tijolos.
Mas elas não são únicas. Aproveite este 11 de fevereiro para debater, conhecer e aplaudir essas heroínas. Fazer com que suas ideias sejam ouvidas hoje significa repensar o passado e construir um futuro melhor.