Você lembra da Páscoa de 2020? Se também esqueceu, entenda o porquê

18/03/2021 às 05:333 min de leitura

Você se lembra da sua Páscoa de 2020? Com tantas coisas acontecendo no mundo, é mais fácil para que as memórias fiquem um pouco turbulentas e alguns eventos importantes passem despercebidos. Entretanto, há quem afirme que o feriado que celebra a ressurreição de Cristo simplesmente não tenha acontecido no ano passado.

Mas então essas pessoas são loucas? Não! Existe uma explicação muito plausível para essa memória coletiva inexistente chamada "Efeito Mandela". O termo foi criado pela pesquisadora Fiona Broome e é utilizado para descrever situações que uma grande quantidade de pessoas afirmam lembrar, mas que não aconteceram de verdade.

Páscoa em isolamento

(Fonte: Alexandre Brum/Estadão Conteúdo)(Fonte: Alexandre Brum/Estadão Conteúdo)

Primeiro de tudo, vale ressaltar que a Páscoa de 2020 não foi cancelada e foi celebrada no dia 12 de abril. Porém, como a pandemia de covid-19 começava a se alastrar pelo Brasil e a situação ia se tornando gradativamente caótica, o feriado acabou passando um pouco desapercebido por muitas pessoas e também não recebeu muito enfoque da mídia.

Assim, é bem possível que você tenha comemorado sua Páscoa dentro de casa e longe da maioria dos seus familiares, visto que boa parte do país já começava a adotar as recomendações de isolamento social. Por mais que as festividades tenham sido mais reservadas, isso não significa que a Páscoa não tenha acontecido.

Para se ter ideia de como o coronavírus teve impacto nesse evento, a prefeitura do Rio de Janeiro utilizou o maior monumento e símbolo cristão da cidade para homenagear os profissionais de saúde que lutavam na linha de frente dos hospitais. Na época, a estátua do Cristo Redentor foi decorada com um jaleco médico no Domingo de Páscoa.

Entendendo o Efeito Mandela

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Antes de entendermos o porquê de muitas pessoas passaram a acreditar no cancelamento da Páscoa de 2020, precisamos compreender a origem do Efeito Mandela. Líder rebelde na luta contra o Apartheid na África do Sul, Mandela permaneceu encarcerado durante os anos 1980.

Apesar de ter saído do período de reclusão completamente saudável, muitas pessoas passaram a acreditar que a figura sul-africana tinha morrido na cadeia — o que nem de perto chegou a ser verdade. Nelson Mandela só foi falecer em 2013 em decorrência de um problema cardíaco, isso tudo após também ser presidente do país entre 1994 e 1999.

Então, a pesquisadora em fenômenos sobrenaturais Fiona Broome começou a se aprofundar nos motivos os quais levaram ela e muitas outras pessoas a acreditarem no óbito fictício do diplomata, criando o termo "Efeito Mandela". Segundo Broome, esse mesmo fenômeno fez com que diversas pessoas acreditassem ter assistido episódios de Jornadas nas Estrelas que jamais existiram.

Teoria da simulação

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Durante suas pesquisas, Broome se deparou com duas teorias que poderiam se encaixar na sua descoberta. A primeira falava sobre a existência de múltiplos universos paralelos (multiversos), que teriam realidades semelhantes às vividas no nosso mundo só que com pequenas alterações em alguns acontecimentos significativos.

Dessa forma, as pessoas transitariam entre os multiversos sem notar nenhuma alteração, exceto em casos excepcionais. Isso abriria uma brecha para que Nelson Mandela estivesse vivo em uma realidade e morto em outra.

Já a segunda teoria cogitava a possibilidade de nós estarmos vivendo dentro de uma simulação de computadores controlada por outros seres vivos. Sendo assim, uma pequena "falha na Matrix" explicaria o motivo de uma parcela da população lembrar dos fatos de maneiras diferentes do que os demais.

Em 2016, o célebre astrofísico Neil deGrasse Tyson afirmou não se surpreender caso um dia descobrisse que os seres humanos são controlados por máquinas. Na visão do cientista, a possibilidade desse conceito fazer algum sentido chega próximo à marca de 50%.

Explicações psicológicas

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Apesar do Efeito Mandela abrir brecha para diversas explicações inusitadas sobre a nossa compreensão do Universo, o motivo para que esse fenômeno aconteça talvez seja um pouco mais simples. Nessa perspectiva, é importante entendermos que, apesar da complexidade do nosso cérebro, ele não funciona como um disco rígido.

Isto é, nem sempre conseguimos acessar as memórias quando precisamos e muitas vezes deletamos algumas informações que nosso corpo considera triviais. Como os fatos vão se esfumaçando com o passar dos anos, é muito mais fácil plantarmos informações falsas em nossa mente através de perguntas direcionadas ou histórias destorcidas.

Ainda não se sabe exatamente como esse fenômeno psicológico consegue afetar tantas pessoas ao mesmo tempo sobre um único fato, mas essa é a explicação mais lógica para entender a base de funcionamento do Efeito Mandela. Então, se você ainda acha que a páscoa de 2020 não existiu, saiba que isso é apenas o seu cérebro te pregando alguma pegadinha.

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