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24/04/2021 às 10:00•2 min de leitura
Era exatamente 1 hora 23 minutos e 45 segundos de 26 de abril de 1986, quando o sistema de resfriamento do reator RBMK-1000 da usina nuclear de Chernobyl, em Pripyat, na Ucrânia Soviética, foi desligado e as hastes de controle do núcleo, destinadas a neutralizar uma reação em cadeia, produziram o efeito inverso ao serem reinseridas no núcleo.
O calor liberado foi o suficiente para derreter essas hastes compostas de boro e com pontas de grafite, as barras de combustível, os escudos biológicos ao redor do núcleo e até o piso de concreto do prédio do reator.
A temperatura superior a 1.600?°C derreteu o invólucro de liga de zircônio das pastilhas de combustível que ficam dentro das varetas de combustível feitas quase inteiramente de óxido de urânio. O recipiente extremamente quente dissolveu o revestimento de zircônio que separa o combustível do fluido refrigerante e começou a se combinar com o urânio, zircônio, grafite, titânio, aço e concreto, formando uma espécie de lava radioativa que atravessou a base do reator e vários andares do prédio até atingir o porão da instalação, onde resfriou e se solidificou de forma que apenas uma arma AK-47 conseguiria perfurá-la.
(Fonte: Taringa!/Reprodução)
Só em dezembro de 1986 que alguns liquidadores descobriram a lava solidificada nas ruínas do prédio do reator, através de uma câmera operada remotamente. A massa de 100 toneladas possuía uma aparência de casca de árvore de cor cinza, e a maneira como se acumulou no canto da parede lembrava a pata de um elefante, por isso os trabalhadores a chamaram de "Pé de Elefante de Chernobyl". O nome fazia jus à letalidade de uma pisada do animal, visto que, no momento de sua descoberta, a radioatividade perto da massa era de aproximadamente 10 mil roentgens, o suficiente para matar uma pessoa em apenas 5 minutos de exposição.
As primeiras fotos do Pé de Elefante de Chernobyl só foram registradas em 1996, quando os índices de radiação já estavam baixos o suficiente para uma pessoa aguentar alguns minutos sem sofrer nenhum tipo de dano. No entanto, as imagens saíram em sua maioria borradas devido às falhas que os índices de radiação causaram nos aparelhos. Em junho de 1998, as camadas externas da massa começaram a se transformar em pó e causar o esfarelamento dela.
(Fonte: Recoil Offgrid/Reprodução)
Apesar de a radioatividade da massa e de outros materiais contendo combustível semelhante ao da lava terem diminuído significativamente desde aquele ano, ainda é perigoso se aproximar demais dela. Grupos de pesquisa se preocupam com a contaminação das águas subterrâneas devido à corrosão causada pelo acúmulo de água dentro do sarcófago construído ao redor do reator 4, e também com as nuvens de poeira radioativa que se formam quando a umidade cai para 85% dentro do invólucro. Estima-se que Chernobyl libere 10 kg de poeira de cório a cada ano.