Estilo de vida
04/05/2021 às 08:00•2 min de leitura
Uma nova pesquisa arqueológica publicado na semana passada (30), na revista Antiquity, pode revolucionar a compreensão dos cultos religiosos na Arábia Saudita, ao revelar um local no noroeste deste país com mais de mil estruturas de pedra, com datas superiores a 7 mil anos, o que as torna mais antigas do que as pirâmides do Egito e Stonehenge no Reino Unido.
“Mustatil”, termo cunhado a partir da palavra “retângulo” em árabe, é um nome conhecido de estruturas descobertas pela primeira vez na década de 1970, mas que, segundo o pesquisador Hugh Thomas, da University of Western Australia em Perth, não receberam a devida atenção pelos arqueólogos na época.
Fonte: Antiquity/Reprodução
Líder da pesquisa atual, Thomas explica que sua equipe utilizou helicópteros para sobrevoar a região antes de realizar as explorações terrestres. Eles encontraram mais de mil mustatis em uma área de 200 mil quilômetros quadrados, o dobro de monumentos estimados anteriormente na área. “Você não tem noção da escala das estruturas até chegar lá”, disse ele à revista NewScientist.
Feitos de blocos de arenito empilhados, que chegavam a pesar mais de 500 quilos, os mustatis mediam entre 20 a 600 metros de comprimento, com paredes baixas de cerca de 1,2 metro de altura. Thomas explica que o objetivo dessas construções não era reter nada, mas apenas delimitar o espaço de uma área “que precisava ser isolada”.
Fonte: Antiquity/Reprodução
A datação por radiocarbono de chifres e crânios de gado (possíveis oferendas) encontrados na “cabeça” de uma das câmaras situou-as entre 5300 a 5000 a.C., indicando a data de construção daquele mustatil em particular. Mas, projetando a mesma data para o conjunto, essa seria a mais antiga paisagem ritual em grande escala em qualquer lugar do mundo.
Coautora do trabalho, Melissa Kennedy afirmou que a descoberta reescreveu a compreensão sobre os cultos na região, onde grupos religiosos se concentravam em casas, com famílias construindo pequenos santuários domésticos, ou seja, exatamente o oposto do que sugerem os mustatis.
Fonte: Antiquity/Reprodução
Para ela, o fato pode estar relacionado com o meio ambiente, pois aquelas construções no deserto foram edificadas em uma época que coincidiu com a fase úmida do Holoceno (entre 8000 a.C. e 4000 a.C.), quando a Arábia e partes da África eram dominadas por pastagens.