Estilo de vida
06/05/2021 às 03:00•2 min de leitura
O ser humanos tem um cérebro grande, comparado com o tamanho de seu corpo, e é considerados um animal inteligente. O mesmo ocorre com várias outras espécies, como os golfinhos, elefantes ou os grandes primatas. De modo geral, sempre se acreditou que ter um cérebro para o tamanho do corpo fosse um sinal de inteligência. Mas um novo estudo trouxe uma ideia diferente sobre esse assunto.
Cientistas da Universidade Stony Brook (Nova York) e do Instituto de Comportamento Animal Max Planck (Alemanha), fizeram uma linha do tempo de como o tamanho do cérebro e do corpo evoluiu nos mamíferos, nos últimos 150 milhões de anos. A equipe, que incluía biólogos, estatísticos da evolução e antropólogos, analisou a massa cerebral de mais de 1400 animais vivos ou extintos. As medições foram confrontadas com os números do tamanho corporal dos animais, ao longo de milhões de anos de evolução.
A conclusão é que a relação entre tamanho do cérebro e tamanho do corpo não seguiu padrões durante a evolução, sendo que essas mudanças podem ter várias outras razões que não tem nada a ver com a inteligência. Em resumo, não é possível ligar a mudança na relação cérebro-corpo ao aumento de inteligência dos animais, como se pensava.
Fonte: Wikimedia Commons
De acordo com os cientistas, espécies como os humanos (nós), golfinhos e elefantes até têm cérebros grandes para seus corpos, mas chegaram nisso por diferentes caminhos:
"Às vezes, cérebros relativamente grandes podem ser resultado de uma diminuição no tamanho do corpo para se adaptar a um novo habitat ou meio de locomoção. Em outras palavras, nada a ver com inteligência", diz Kamran Safi, do Instituto de Comportamento Animal Max Planck. Além disso, há espécies como o leão-marinho-da-califórnia, que são muito inteligentes, mesmo tendo um cérebro relativamente pequeno.
Fonte: Aquarium of the Pacific
Estudando a história evolutiva da espécie, os cientistas descobriram que o leão-marinho manteve seu cérebro relativamente pequeno porque a seleção natural exigia tamanhos corporais grandes de mamíferos aquáticos carnívoros. Em outras palavras, a relação tem a ver com a seleção de corpos grandes, não de cérebros pequenos (e não-inteligentes).
Desse modo, os pesquisadores concluem que qualquer iniciativa para mapear a história evolutiva da inteligência vai ter que analisar mais aspectos do cérebro, além do tamanho. "É claro que o tamanho do cérebro não é independente da evolução da inteligência. Mas ele pode ter mais a ver com adaptações gerais a pressões ambientais de larga escala, que vão além da inteligência", resume Jeroen Smaers, professor de antropologia da Universidade Stony Brook.