Artes/cultura
29/05/2021 às 08:00•2 min de leitura
O Mal de Alzheimer é uma das principais causas de demência em idosos, acometendo mais de 35 milhões de pessoas no mundo e um milhão aqui no Brasil. E aparentemente a poluição pode ter a ver com esse problema.
A descoberta é foi realizada pela toxicologista Pamela Lein e mais dois cientistas da Universidade da Califórnia em Davis. Eles colocaram viveiros de ratos perto de um túnel para automóveis no norte do estado. Os animais ficaram em meio à poluição dos carros por cerca de 14 meses — boa parte da expectativa de vida de um rato de laboratório — para que os cientistas observassem os efeitos da poluição no cérebro em longo prazo.
Imagem: Steven HWG/Unsplash
Os ratinhos foram divididos em dois grupos: aqueles com genes que indicavam risco para o Mal de Alzheimer e outro sem esse problema. Era esperado que o primeiro grupo desenvolvesse a doença, mas os cientistas ficaram surpresos ao ver que os outros ratos também demonstraram sinais de demência, após viver na poluição.
"Isso é importante porque essa poluição está em todo lugar e pode explicar o aumento no número de casos de Mal de Alzheimer ao redor do mundo", afirmou Pamela Lein em nota sobre o estudo. De acordo com essa pesquisa, a contaminação dos automóveis pode não apenas fazer os sintomas do Mal de Alzheimer aparecerem mais cedo, como acelerar seu progresso.
Imagem: Jacek Dylag/Unsplash
O que os cientistas ainda não sabem é qual componente da poluição causada pelos automóveis é responsável pelo desenvolvimento da demência. A próxima etapa dos estudos científicos envolve, justamente, testar diferentes aspectos que podem estar relacionados com isso: gases, pó do asfalto, resquícios de pneus, poluição sonora...
A ideia é que, sabendo quais são os principais fatores de risco, os cientistas possam pressionar as autoridades a criar novas leis de emissão de poluentes. "Mesmo que a gente só consiga atrasar o aparecimento do Alzheimer em cinco anos, nós podemos gerar uma economia enorme para nosso sistema de saúde", afirma Lein. Estima-se que essa doença tenha gerado despesas 305 bilhões em 2020 — e que possa custar mais de 1 trilhão em 2050, conforme a população envelhece.