Artes/cultura
08/06/2021 às 06:29•2 min de leitura
Um estudante escocês de arqueologia fazia um passeio despretensioso através de um cemitério neolítico no condado de Argyllshire, na Escócia, quando descobriu por acaso uma escultura em um túmulo, que muda completamente as concepções da arte rupestre pré-histórica na Grã-Bretanha.
Dunchraigaig Cairn (Fonte: CC BY-SA 2.0/james denham/Reprodução)
Fazendo uma caminhada noturna pelo Kilmartin Glen, o estudante Hamish Fenton resolveu visualizar o teto de uma tumba de pedra. “Quando iluminei o lugar com a lanterna, notei um padrão na parte inferior da laje do telhado que não parecia ser uma marca natural de rocha”, disse ele.
Ao observar de perto, Fenton notou que havia esculturas de dois veados vermelhos machos adultos com chifres desenvolvidos e outros três veados mais jovens. O Ambiente Histórico da Escócia (HES) datou oficialmente as representações como sendo do Neolítico ou do início da Idade do Bronze, entre 4 mil e 5 mil anos atrás, fazendo das esculturas os exemplos mais antigos de arte figurativa da Escócia.
Fonte: The National/Reprodução
Kilmartin Glen é um conhecido cemitério pré-histórico da Escócia. Estendendo-se por uma área de mais de três quilômetros, o local agrega 5 mil anos, através de uma grande quantidade marcos, pedras em pé, rochas esculpidas, círculos de pedra tipo "henge", fortes e castelos.
Considerada uma das concentrações mais significativas amostras do Neolítico e da Idade do Bronze, a área é um grande cemitério linear com cinco túmulos, dos quais Dunchraigaig Cairn, onde Fenton descobriu a escultura, é o mais famoso. Essa tumba é forrada com drystone, coberta com uma pedra de 3,5 metros de comprimento e abriga três câmaras mortuárias distintas.
Fonte: Historic Environment Scotland/Reprodução
Falando ao site All That's Interesting, a principal investigadora do Projeto de Arte Rupestre da Escócia no HES, dra. Tertia Barnet, explicou que até hoje os arqueólogos entendiam que não existiam esculturas pré-históricas de animais na Escócia. E o fato de a descoberta ter sido efetuada no histórico Kilmartin Glen torna o achado ainda mais "empolgante".
A descoberta foi isolada e posteriormente registrada e protegida digitalmente por pesquisadores do Rock Art Project da Escócia (ScRAP). Foi possível iluminar a cena e detalhar o que estava esculpido nas paredes. Os modelos estão disponíveis para o público neste link.