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05/07/2021 às 03:00•3 min de leitura
Dentro da economia global, ainda são poucas são as mulheres que exibem seus rostos nos versos de cédulas e moedas espalhadas por todos os continentes. Um dos grandes motivos para isso acontecer é que os homens sempre tomaram conta das posições de poder ao longo da história e nunca deixaram uma figura feminina verdadeiramente ser a face de qualquer negócio.
Entretanto, isso não significa que elas nunca tiveram relevância nesse âmbito. Por mais que os homens tenham recebido o crédito pela criação do papel-moeda, dos bancos ou do sistema de câmbio, nada disso seria possível se o gênero feminino não tivesse sido responsável por praticamente inventar a matemática. Entenda!
(Fonte: Pixabay)
Antes mesmo que a humanidade aprendesse a se comunicar, a matemática foi a primeira linguagem universal que gravamos em nossas mentes para quantificar e organizar as coisas. Nesse mérito, os primeiros métodos de contagem foram inventados justamente pelas mulheres, que posteriormente terminariam relegadas.
Há pelo menos 40 mil anos, registros mostram que talhos feitos de madeira, ossos ou pedras eram utilizados para contar coisas. Mas o que exatamente? O mais provável é que os humanos estivessem buscando meios de contar os dias, ciclos solares e lunares ou até mesmo a quantidade de animais nas terras.
Em uma região entre a África do Sul e a Suazilândia, arqueólogos encontraram o Osso dos Libombos, uma ferramenta de osso feita a partir da fíbula de um babuíno composta por 29 entalhes e com quase 43 mil anos de idade. Na teoria dos pesquisadores, é possível que esse seja um dos primeiros exemplares de calendário lunar para as mulheres acompanharem seus ciclos menstruais — sugerindo grande importância delas no campo da matemática.
(Fonte: Pixabay)
Então, se as mulheres foram tão importantes para o cenário econômico mundial, por que nunca foram reconhecidas por seus feitos? Esse é um dos assuntos abordados no livro Cowries to Crypto (2020), do renomado jornalista financeiro Jame DiBasio. A obra, publicada pela empresa em assuntos financeiros OANDA, fala a respeito da história do dinheiro e do sistema financeiro atual utilizado pela sociedade.
Na visão do autor, as mulheres têm estado à margem por muitos anos, enquanto os homens tornaram a história do dinheiro completamente deles. "As mulheres podem, pelo menos, evitar a culpa por alguns dos piores desastres da história financeira", ironizou DiBasio em um de seus artigos.
Nero, Kublai Khan, Johan Palmstruch, John Law e todos os pais fundadores da economia norte-americana não eram mulheres e colecionam um histórico de fracassos que levaram a revolução econômica direto para a falência. Para Jame, todos eles têm em comum a fraude, ganância e ignorância, que causaram à degradação da moeda e ao fim das dinastias e impérios.
(Fonte: Pixabay)
Um fator a se destacar na relação entre mulheres e economia é o histórico da figura feminina nas moedas internacionais. Antigamente, Grã-Bretanha, França e Estados Unidos chegaram a utilizar imagens femininas em cédulas e moedas, mas nenhum dos casos se tratavam de pessoas reais.
O mesmo vale para a Rússia comunista e a China, que exibiam camponesas felizes como forma se associar seus governos com atitudes progressivas. Entretanto, a exploração de mulheres falsas nunca foi um real motivo para que elas enxergassem representatividade na sociedade.
O rosto da Rainha Victoria, primeira mulher monarca, só aparecia em moedas do Canadá e da Austrália, jamais na Grã Bretanha. Somente em 1960 que a Rainha Elizabeth II surgiu como a primeira mulher a estampar uma nota de libra. "Hoje as coisas são diferentes. O dinheiro ainda é um símbolo poderoso de nação e governo, e agora há um debate saudável sobre como nos representamos", explicou DiBasio.
(Fonte: Pixabay)
Em seu trabalho, o jornalista comenta sobre como o governo de Barack Obama, nos EUA, tentou substituir a imagem do presidente escravocrata Andrew Jackson pela de Harriet Tubman, uma mulher negra e escrava fugitiva que salvou várias vidas, na nota de US$ 20. Posteriormente, o projeto acabou sendo barrado no mandato de Donald Trump.
"Os símbolos não mudam automaticamente a realidade. Harriet Tubman na nota de US$ 20 não vai acabar com o sexismo ou o racismo. Mas é um sinal sobre nossos valores", comentou o autor sobre a possibilidade do projeto ser retomado durante a presidência de Joe Biden.
Segundo DiBasio, a falta de representatividade feminina no mundo das finanças é um problema real e grave. Como todos os meios de produção são dominados por homens, dificilmente as empresas saberão como atender as demandas de outra parcela da sociedade se nada for feito.
De maneira geral, o equilíbrio de gênero é uma medida saudável e necessária para o desenvolvimento das empresas. Para Jame, não há solução rápida ou fácil para mudarmos o cenário do mundo coorporativo senão encorajar as mulheres e incentivá-las a se tornaram empreendedoras e investidoras.