Artes/cultura
14/07/2021 às 06:30•2 min de leitura
Em um primeiro momento, logo quando a pandemia começou, todo mundo queria descobrir o culpado da disseminação da covid-19 por todo o mundo. Na época, muitas mensagens no WhatsApp começaram a ser veiculadas, falando sobre uma suposta comida típica asiática a “sopa de morcego” que teria sido servida mal cozida para uma pessoa e isso teria desencadeado as transmissões.
Quando uma doença se torna um problema grave, pessoas mal informadas atacam o animal transmissor e desequilibram o ecossistema. (Fonte: Ministério da Saúde/ Reprodução)
Vale ressaltar que a ciência ainda não tem uma conclusão definitiva quanto ao transmissor inicial da covid-19. Mas, depois da visita de diversos cientistas a Wuhan, cidade onde o vírus se originou, há uma inclinação a acreditar que o novo coronavírus passou de morcegos para um animal, o animal seria um mamífero parecido com um tatu, chamado pangolim.
Nesse caso, como é comum na China o consumo de carnes de animais exóticos, presume-se que a carne do pangolim foi consumida em um mercado chinês e a partir daí a transmissão começou.
Com essas conclusões, é possível dizer que o morcego, nesse caso, serviu como um animal intermediário, apenas um hospedeiro, na transmissão do SARS-Cov-2, sendo um reservatório de vírus que foi passado para outro animal antes de chegar ao ser humano. Os morcegos desempenham um papel de reservatório para grande número de vírus que afetam o ser humano.
Eles possuem essa capacidade de transmitir doenças sem adoecerem. Alguns vírus já são conhecidos há muito tempo, como o vírus da raiva, ebola, coronavírus e o vírus Nipah.
A grande diferença é que esses morcegos sempre estiveram bem longe do contato humano, vivendo em seus habitats. Agora, com a urbanização das áreas, desmatamento de regiões inteiras e aquecimento global, os morcegos precisam migrar para outros locais, cada vez mais próximos das pessoas.
Os morcegos são importantes na polinização e também são predadores de várias espécies. (Fonte: Pixabay/Reprodução)
Quando os morcegos começam a ser atacados e tocados por seres humanos, o vírus nota a oportunidade de ter um novo hospedeiro e tenta atacá-lo. Nesse salto entre espécies, caso o vírus falhe, ele se adapta até ter sucesso e é nesse momento que fica perigoso para o ser humano.
Ou seja, os morcegos não são culpados pela covid, mas é importante entender os riscos de contato com esse animal. Matar ou assustar o animal não é a solução. No dia 14 de abril, o Aquário de SP começou uma campanha para informar o público sobre os hábitos do morcego e desmistificar as fake news criadas sobre essa espécie.